ALCOVITEIRA, ADIVINHA E VENDEDORA DE ILUSÕES:
Representação da Feiticeira Rojaniana no Século XVI.
Alcoviteira e feiticeira, Literatura, representação
Nosso trabalho procura investigar representação literária que recai sobre a figura da feiticeira alcoviteira. Para tanto, partiremos da análise da alcoviteira Celestina, personagem de uma obra que poderia ser considerada um best seller do século XV, escrita pelo estudante de Direito espanhol Fernando de Rojas em 1499. Nosso estudo focará em caracterizar o perfil da alcoviteira Celestinesca e na repercussão que o personagem ganhou perante seu público, o que parece ter impulsionado a criação de outras personagens alcoviteiras em Portugal do século XVI em obras de autores como Gil Vicente e Jorge Ferreira de Vasconcelos. Desse modo, nosso intuito é ainda em compreender o processo de rupturas e permanências do perfil de alcoviteira Celestinesca na passagem do medievo para o período moderno. A personagem Celestina, é entendida aqui como objeto de transição entre estas épocas, visto que, embora a figura da alcoviteira se tenha feito presente na literatura desde a Antiguidade, é no período moderno que ela é definitivamente caracterizada como uma feiticeira urbana. Por fim, a construção analítica deste trabalho está pautada no conceito de representação de Roger Chartier, e inserido nos estudos da história cultural, ambos relevantes para a identificação da construção de uma realidade social, neste caso: classificar, dividir e delimitar para entender o mundo social, neste caso seiscentista de Espanha e Portugal.