DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE MEMBRANAS POLIMÉRICAS ASSOCIADAS COM PRÓPOLIS VERMELHA E ALOÍNA
própolis; aloe; polímeros; curativos biológicos; atividade antioxidante.
Lesões cutâneas crônicas, como queimadura, úlcera ou outros danos traumáticos, representam um problema de saúde que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e causa fortes prejuízos sociais e econômicos. Nos últimos vinte anos, os polímeros biocompatíveis, biodegradáveis e bioabsorvíveis são os mais utilizados para o desenvolvimento de membranas para a cicatrização de feridas. Polímeros naturais como a carboximetilcelulose de sódio (CMC-Na) e pectina, são carreadores de compostos bioativos e apresentam elevada capacidade de intumescimento. A incorporação de produtos naturais como a própolis vermelha e a aloína, em membranas é uma estratégia relevante para potencializar a cicatrização de feridas. A própolis vermelha e a aloína apresentam diversas atividades biológicas, como: antioxidante, cicatrizante, anti-inflamatória e reparadora tissular. Assim, o presente trabalho objetivou desenvolver e caracterizar membranas poliméricas associadas com própolis vermelha e/ou aloína. A extração por maceração foi utilizada para obter o extrato hidroalcoólico da própolis vermelha a 30 % (p/v). As membranas (membrana + própolis vermelha - MPV; membrana + aloína - MALO e membrana +própolis vermelha + aloína - MPVALO) foram obtidas com preparo prévio de um gel de carboximetilcelulose e pectina, seguido de a associação do extrato hidroalccólico da própolis vermelha e/ou aloína. Os extratos e as membranas poliméricas foram avaliados para se obter o perfil fitoquímico por UPLC-DAD, a atividade antioxidante pelos métodos DPPH e pelo FRAP (Poder Antioxidante Redutor Férrico). A determinação de fenóis e flavonoides totais foi realizada pelo método colorimétrico de Folin-Ciocalteau e cloreto de alumínio, respectivamente. As membranas associadas com própolis vermelha e aloína foram avaliadas quanto à sua decomposição e compatibilidade por análise termogravimétrica, calorimetria diferencial de varredura e espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier. A morfologia das membranas foi obtida por microscopia eletrônica de varredura. O grau de intumescimento e o perfil de liberação foram determinados em solução fisiológica. Os extratos e membranas foram avaliados quanto à atividade antimicrobiana pela determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e viabilidade celular em fibroblasto da linhagem L929. As membranas poliméricas apresentaram características morfológicas macroscópicas similares como: uniformidade, flexibilidade e resistência ao manuseio. O método cromatográfico permitiu identificar os quimiomarcadores da própolis vermelha e as aloínas A e B. Foram encontrados respectivamente no extrato da própolis vermelha e aloína, teores de compostos fenólicos de 174,2 ± 2,0 e 79,1 ± 2,5 mgEAG g-1 e flavonoides totais de 46,2 ± 3,2 e 9,9 ± 3,7 mgEQ g-1. Os extratos combinados apresentaram atividade antioxidante elevada: 91,2 ± 2,7 % (extrato da própolis vermelha) e 63,1 ± 2,5 % (aloína) pelo método DPPH e redutor férrico. As membranas carreadas com os extratos apresentaram redução da atividade antioxidante. A análise térmica das membranas por calorimetria diferencial de varredura e a espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier revelaram a homogeneidade da membrana com própolis vermelha e aloína. A MPVALO mostrou menor homogeneidade e maior estabilidade térmica. O ensaio morfológico revelou que as membranas apresentaram superfície lisa com focos de depressão. A associação da própolis vermelha e aloína acelera o intumescimento e diminui a resistência da estabilidade da cadeia polimérica. As membranas poliméricas liberam aproximadamente 60% do extrato incorporado em até 48 horas. Os extratos e a associação de própolis vermelha + aloína apresentaram relevante atividade antimicrobiana frente à cepa de Staphylococcus aureus. A MPVALO apresentou maior formação de halo frente à bactéria gram-positiva. A MALO apresentou citotoxicidade (125 µg/mL) e MPVALO apresentou 99,6% de preservação dos fibroblastos na concentração de 125 µg/mL. Nesse contexto, é possível afirmar que a MPVALO se apresenta como um produto relevante, biodegradável, não citotóxico, capaz de formar uma barreira física, promovendo a absorção de exsudato e liberação de compostos fenólicos com atividade antioxidante e antimicrobiana.