A morte na linha de frente: a experiência de médicos durante a pandemia da COVID-19
Morte. Pandemia. Medicina. Psicanálise.
A morte ocupou lugar de destaque durante a pandemia da COVID-19, que teve início em 2020. Os números crescentes de perdas provocado pela doença convocava cada um a se aproximar da possibilidade da sua própria finitude. Partiu- se da ideia da própria morte, a partir do discurso freudiano, como algo impossível de representação para questionar se o contexto pandêmico seria passível de provocar efeitos no discurso sobre a morte, principalmente para os profissionais de saúde que experienciavam no cotidiano diversas perdas. Desse modo, a pesquisa teve como objetivo investigar a morte na experiência de médicos da linha de frente durante a pandemia a partir do referencial psicanalítico freudiano. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 10 profissionais de medicina que atuaram na linha de frente de um hospital público de Alagoas. A análise das transcrições das entrevistas ocorreu com base na proposta de Bardin, tendo a psicanálise como corpo teórico norteador para a análise semântica do conteúdo. Os entrevistados apontaram que a pandemia evidenciou uma ruptura no ideal da medicina, e as limitações impostas pela ausência de conhecimento provocaram frustração. A iminência da morte na experiência dos(as) médicos(as) apareceu enquanto falha, como algo a ser negado, contornado; e como fonte de sofrimento. A morte na formação médica possui sua função, mas é insuficiente, pois a incessante tentativa de contornar a finitude evidencia ainda mais que existe algo que escapa ao sujeito. A pandemia provocou efeitos para os(as) médicos(as) deste estudo ao trazer a morte para linha de