FREUD NO PLURAL: uma leitura atenta e desconstrutiva das traduções freudianas no Brasil
Leitura cuidadosa; Psicanálise; Tradução; Desconstrução.
Esta pesquisa se debruça sobre o debate das traduções de Sigmund Freud, em particular as versões em português no Brasil. As traduções dos textos freudianos têm sido objeto de críticas e controvérsias desde a primeira grande coleção Standard Edition, elaborada por Ernest Jones e James Strachey para o inglês, na Inglaterra. Essa problemática tem especificidades brasileiras, pois as primeiras versões elaboradas no país se basearam em outras traduções, ao invés do original em alemão. A partir de 2010, iniciou-se um movimento de re-tradução dos textos de Freud por diferentes tradutores e tradutoras no país, em crítica às versões indiretas. Ao questionar sobre a diferença entre esses novos trabalhos, esta pesquisa se propôs a produzir discussões sobre semelhanças e diferenças entre as traduções brasileiras e sobre possíveis implicações. Para isso, realizei uma leitura atenta e desconstrutiva de cinco versões do artigo Luto e melancolia (1917). A partir dessa análise, foi discutido sobre como essas novas traduções compreendem de modos distintos as formas de traduzir e como se relacionam de diferentes formas com a tradição inglesa e francesa de tradução freudiana. Defende-se que, ao invés de almejar uma tradução universal e atemporal, Sigmund Freud é “intraduzível”, termo de Barbara Cassin sobre aquilo que não se cessa de não ser traduzido. Portanto, cabível de ser retraduzido de uma nova maneira. O constante movimento de re-tradução pode ser enriquecedor para os leitores, pois se algo sempre se perde em uma nova tradução, algo novo se ganha, expandindo o texto com os acréscimos de sentido. Por isso, defende-se Freud no plural, reconhecendo a
pluralidade presente em seus leitores e tradutores.