Cartografando pelas Bordas: Uma Análise Situacional das consequências da mineração em Maceió - AL.
mineração, análise situacional, cartografia.
O desastre sociambiental, em andamento, em Maceió-AL, é o foco desta pesquisa. O solo está afundando, por consequência da mineração inadequada de sal-gema em espaço urbano, executada pela empresa multinacional, Braskem. O tremor de terra que ocorreu na capital alagoana, em 2018, tornou esse desastre público, gerando uma sequência de acordos e decisões, modificando significativamente o cotidiano das pessoas afetadas. Um dos acordos foi a desocupação da chamada área de risco, que abrangeu os bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Todas as pessoas (cerca de 60 mil) que viviam nesta região foram obrigadas a se deslocar e os imóveis estão em processo de demolição. Nesse cenário de deslocamento em massa e ruínas, encontram-se as comunidades de Bordas, as quais se situam na fronteira entre a área desabitada e a área habitada, onde vivem as pessoas que não são consideradas afetadas o suficiente para serem deslocadas, pelos critérios da construção do mapa risco. Produzindo-se, nesses territórios, ilhamento social, falta de segurança, dificuldade de acesso à saúde, educação, transporte público, entre outros. No final de novembro de 2023, uma das minas de extração, número 18, após cinco anos do tremor, apresentou risco de colapso. Acontecimento considerado, nesta pesquisa, como um incidente crítico, que levou ao objetivo de visibilizar a complexidade das consequências da mineração para a população das bordas do mapa de risco, a partir daquele momento. A pesquisa está situada no campo da psicologia social sócio-construcionista, utilizando o método cartográfico combinado à análise situacional para posicionar a complexidade e diversidade de repercussões advindas do campo-tema. Incorpora na análise elementos discursivos, políticos, econômicos, humanos, espaciais, temporais, simbólicos, socioculturais, não humanos, entre outros, na dada situação. Os resultados sinalizam que as pessoas atingidas pelo desastre não participam do gerenciamento de riscos e danos, como preconiza os documentos públicos, os interesses políticos criam conflitos que prejudicam, significativamente, a governança da gestão do incidente crítico da mina 18. Ressalta-se que as consequências do desastre para a saúde mental das pessoas atingidas precisa ser considerada nas investigações científicas e na gestão do desastre, pois o sofrimento e o adoecimento social e psicológico dessa população têm sido invisibilizados.