Dor crônica facial: sofrimento, corpo e gozo
Dor crônica facial. Psicanálise. Corpo. Gozo.
Introdução: A dor é uma experiência única para cada sujeito. Quando crônica e persistente, costuma causar sofrimento e afetar a relação desse sujeito com seu entorno. No caso das dores crônicas que se manifestam na região da face, isso não é diferente, especialmente por se tratar de uma zona compreendida por Sigmund Freud como erógena, fonte corporal pulsional. Nesse contexto, é fundamental considerar como as dores faciais, incluindo dores crônicas orofaciais, disfunções temporomandibulares, dores orofaciais idiopáticas e neuralgia do trigêmeo, afetam a subjetividade e a qualidade de vida dos sujeitos que convivem com dor nessa região. Objetivo: Analisar a dor crônica na face à luz da relação entre as noções psicanalíticas de sofrimento, corpo e gozo. Pretende-se compreender os efeitos do trabalho clínico nesses casos. Método: Trata-se de uma pesquisa teórica em psicanálise. Inicialmente, foi realizada uma revisão bibliográfica nas principais bases de dados nacionais e internacionais e uma seleção de livros que versam sobre a temática da dor desde a perspectiva psicanalítica, com intuito de explorar as contribuições da clínica lacaniana. Em seguida, foram examinados três casos clínicos da literatura psicanalítica que abordam a dor facial. Resultados parciais: Os resultados preliminares da revisão de literatura indicam uma tendência teórica a relacionar a dor facial com o sofrimento psíquico, considerando-o tanto um fator de risco quanto um possível desencadeador da dor. Ademais, a escassez de trabalhos psicanalíticos sobre esse tipo de dor também se apresenta como um dado relevante. Além da abordagem do sofrimento, a análise dos casos clínicos revela uma relação singular de cada caso com as noções de corpo e gozo, indicando que, conforme o psicanalista Santiago Castellanos, a dor é um fenômeno transclínico, isto é, não se restringe a uma estrutura clínica específica. Conclusões parciais: A dissertação pretende discutir três eixos principais: (1) a relação entre dor crônica facial e sofrimento psíquico, em Freud e Lacan, incluindo perspectivas contemporâneas do impacto do neoliberalismo nas formas de sofrer e de nomear o sofrimento; (2) análise das particularidades dos casos clínicos com base nos conceitos de corpo e gozo; e (3) a dor facial como um fenômeno transclínico, com o objetivo de contribuir com a clínica nos contextos institucionais e de cuidado da dor.