Caminhos Entrelaçados: indígenas e cangaceiros nos sertões nordestinos (1922-1938)
Indígenas; cangaceiros; sertão; Nordeste.
Este trabalho visa analisar as relações entre indígenas e cangaceiros nos sertões nordestinos, com ênfase nos povos Atikum, Pankararé e Pankararu, durante o período lampiônico (1922-1938). Com esse intuito, realizou-se uma etnografia documental, que pretende um afastamento das narrativas e representações cristalizadas pelos documentos e jornais da época que contribuíram à construção de um específico regime de memória, invisibilizando a presença indígena. O objetivo é compreender a configuração social, política e cultural no período em foco, os valores morais que esses grupos sociais faziam vigorar, e as formas de resistências coletivas no contexto de dominação vivenciado. Analisa-se o contexto dessas relações, as intencionalidades dos atores sociais na construção da própria reputação e o código de honra que as orientava, destacando-se a importância das relações familiares e de gênero, bem como das práticas rituais que viam a participação conjunta de cangaceiros e indígenas. Além disso, destacou-se a presença feminina no cangaço, analisando a atuação das mulheres indígenas que participaram ativamente do bando e as violências que sofriam ao desafiar os papéis de gênero.