Culturas afro diaspóricas, trajetórias e pretagonismos: Narrativas de mulheres negras sobre as formas de (re)existência nos grupos culturais em Maceió-AL
Ancestralidade; Amefricanidade; Culturas negras; Escrevivência; Interseccionalidade; Matripotências; Ialodês; Memória negra; Pretanonismo
Considerando a trajetória marginal de mulheres, sobretudo negras no campo
da “cultura popular” brasileira o presente projeto de pesquisa objetiva refletir
sobre as narrativas e trajetória de vida de mulheres negras na cultura afro
diaspórica de Maceió/AL, em especial lideranças religiosas, mestras, donas,
coordenadoras, dançarinas e/ou percussionistas de grupos de Afoxé e
Maracatu no território alagoano. Os grupos culturais afro-alagoanos, assim
como as fazedoras de cultura negra são compreendidos neste estudo como
agentes culturais comprometidos com a manutenção dos valores civilizatórios
africanos e afro-diaspórico que constituem as culturas negras, e age como
sujeito político na diáspora, como afirma Stuart Hall. Diante do
epistemicídio, que é fruto do processo histórico racialmente marcado, de
silenciamento e tentativas de apagamentos de vozes subalternas na
construção da sociedade brasileira, assumo o compromisso ancestral de me
debruçar sobre trajetórias que sofrem ainda nos dias de hoje com os
mecanismos e mazelas produzidos pelas tecnologias coloniais que marca
sociedade brasileira, e sobretudo alagoana, as mulheres negras, Ialodês,
matripotências, amefricanas que no contexto brasileiro foram responsaveis
pela formação historico-cultural, manutenção dos valores ancestrais e dos
Quilombos, territorios negros que constitui a identidade cultural brasileira
como aponta as pensadoras brasileiras Beatriz Nascimento, Lélia Gonzales e
Sueli Carneiro. Em diálogo com o pensamento femista negro, em especial
com as: Carla Akotirene, Patricia H. Collins, Sueli Carneiro e Lélia Gonzáles
aciono a interseccionalidade como abordagem teórica-analítica desta
pesquisa, considerando que segundo essas estudiosas ao articularmos as
categorias de raça, classe, gênero, sexualidade, território etc. que atravessam
os corpo negros na diaspora–portanto, corpo-geopolítico–nos possibilita
maior compreensão das complexidades que marcam os processos históricos-
culturais e forjam as identidades etnico-raciais, as narrativas, trajetórias, as politicas culturais, as articulações das agentes culturais negras e a territorialização da cultura contemporaneamente e como esses marcadores sociais se apresentam nas narrativas e atravessam suas trajetórias no campo da cultura popular. Esta pesquisa é do tipo qualitativo de caráter etnográfico e para o seu desenvolvimento utilizarei o método de história de vida e narrativas biográficas das interlocutoras, como aponta Guita Debert os usos dessa técnica é de suma importância para produção de documentos com ponto de vista alternativo à historiografia oficial, dessa forma, espera-se contribuir para construção de contra narrativas que evidencie o pretagonismo e a matripotências no campo da cultura popular em Alagoas. Outras técnicas e fontes serão utilizadas no processo de desenvolvimento do estudo, tal como observação participante, entrevista semiestruturada e consulta em acervos públicos e particulares.