LEVEDURAS ISOLADAS DA CAATINGA COMO FONTES DE BIOSSURFACTANTES PARA APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS
Biotecnologia; semiárido; bioemulsificantes; atividade antimicrobiana.
A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro biodiversa com espécies altamente adaptadas a condições extremas. Esse bioma representa um cenário biotecnológico promissor, com potencial ainda subexplorado para a prospecção de leveduras produtoras biossurfactantes. Os biossurfactantes são metabólitos capazes de reduzir a tensão superficial e emulsificar hidrocarbonetos, o que os torna úteis para aplicações. Embora microrganismos estejam presentes nesse ecossistema, estudos com leveduras para a obtenção de biossurfactantes ainda são escassos. O presente estudo teve como objetivo investigar o potencial de leveduras isoladas da Caatinga à produção de biossurfactantes para aplicações biotecnológicas. Foram selecionados os isolados BRT 625 e BRT 702 a partir do índice de emulsão (EI24%). Os biossurfactantes foram avaliados o perfil de tolerância e atividade a diferentes pHs (2 até 10), temperaturas (100 até 200 ºC) e NaCl (2 até 10%). Em seguida, foram testados quanto a capacidade de emulsionar diferentes hidrocarbonetos (xilol, tolueno, querosene, óleos industriais, hexano e hexadecano) além de verificar o potencial de utilizar o bagaço da cana-de-açúcar como substrato. Os resultados demonstraram que os isolados da Caatinga apresentam atividade emulsionante ≥50% na presença das fontes de hidrocarbonetos testadas, sugerindo um potencial de estabilidade química promissor. Os biossurfactantes investigados também demonstraram alta estabilidade térmica, mantendo atividade funcional após exposição a temperaturas elevadas (100–200 °C). Além disso, os compostos demonstraram tolerância a diferentes faixas de pH. O isolado BRT 625 demonstrou tolerância em todas as faixas testadas, evidenciando ampla estabilidade funcional,
enquanto o isolado BRT 702 demonstrou desempenho preferencial em pH ácido e capacidade de emulsionar querosene usando o hidrolisado do bagaço como substrato. Esses resultados sugerem uma versatilidade funcional dos biossurfactantes frente às condições adversas avaliadas, possibilitando assim, estudar seu potencial para processos amplas áreas. Este trabalho representa o primeiro relato sobre a produção de biossurfactantes por leveduras da Caatinga, ampliando o conhecimento sobre microrganismos desse bioma e sua preservação.