ANÁLISE FUNCIONAL in vivo DE POTENCIAIS FÁRMACOS VISANDO AO TRATAMENTO DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA
Esclerose lateral amiotrófica, reposicionamento de fármacos, doenças neurodegenerativas, Drosophila melanogaster
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa grave e letal, que leva à degeneração progressiva dos neurônios motores superiores (NMS) e inferiores (NMI), de modo que pacientes acometidos pela doença apresentam fraqueza muscular focal. No Brasil, estima-se que os números apontem para 0.9 a 1.5/100.000 de pessoas acometidas pela doença anualmente. Alguns processos fisiológicos envolvidos nas causas da ELA são o estresse oxidativo, dobramento incorreto de proteínas e neuroinflamação. Nesse contexto, o receptor Sigma (S1R) foi associado como regulador central de processos envolvidos na manifestação da ELA. Até o momento, não existe um tratamento eficaz para ELA; o Riluzol e a Ederavona são os fármacos mais utilizados para o tratamento e contribuem prolongando a sobrevida de pacientes em apenas 3 ou 6 meses. A aprovação de uma nova molécula visando uso terapêutico envolve processos complexos e dispendiosos. A estratégia para proporcionar celeridade na pesquisa de novas terapias medicamentosas envolve o reposicionamento de fármacos (RF), que consiste em identificar novos usos para fármacos já aprovados pelas principais agências reguladoras. Devido às excelentes características biológicas de Drosophila como a facilidade de manipulação genética, é possível estudar e elucidar as interações entre componentes genéticos e moleculares envolvidos em doenças neurodegenerativas, como a ELA. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi aliar o RF de fármacos através de triagem virtual com as características biológicas de Drosophila, proporcionando uma potente ferramenta na busca por fármacos que sejam capazes de modular a atividade de Sigma-1R. Para isso, após o RF, os candidatos foram testados in vivo. Foi medida a capacidade dos fármacos em prolongar o tempo total de vida (lifespan), inibir a citotoxicidade e diminuir a perda locomotora dos animais expressando fenótipos característicos das mutações C9orf72 e S1RE102Q . A exposição a Imipramina e Sertralina foi benéfica para os animais, onde foi observado aumento da expectativa de vida, redução da toxicidade celular e diminuição da perda locomotora. Com isso, os resultados deste estudo contribuem significativamente na busca por terapias medicamentosas efetivas, econômicas e amplamente disponíveis para ELA.