Decolonizando o ensino de literatura na escola: adoção de práticas de letramento racial crítico a partir de contos de autoras negras brasileiras
Letramento Literário. Literatura Feminina Negra. Decolonialidade. Letramento Racial Crítico. Jogo literário.
A educação problematizadora, na compreensão freiriana, é revolucionária, e por acreditarmos nisso, este trabalho apresenta uma proposta decolonial, ou seja, uma opção epistemológica que procura reconhecer, respeitar e valorizar os diversos conhecimentos, povos e culturas e suas respectivas literaturas, contra as ideias essencialistas e padrões universais, pilares do neoliberalismo. Sendo a literatura um instrumento de construção do imaginário social, a leitura de autoras negras brasileiras pelos/as educandos/as na escola contribui para humanizar corpos, construir subjetividades concretas e promove desenvolvimento sociocognitivo. Esta dissertação do Profletras tem por objetivo refletir sobre a decolonização do ensino de literatura na escola, adotando práticas de letramento racial crítico através das narrativas de autoras negras brasileiras. Para tanto, adotamos como abordagem metodológica a pesquisa-ação, de natureza qualitativa, em uma turma de 9º ano de uma escola localizada no litoral norte de Alagoas. Como procedimentos metodológicos, aplicamos questionários de sondagem inicial e final, desenvolvemos atividades de estímulo à prática de leitura literária, como rodas de leitura, com destaque ao jogo “Descolonize-se!”, foram feitos registros das experiências de leitura dos sujeitos participantes, diário reflexivo da pesquisadora e registros fotográficos das atividades em sala de aula. A prática pedagógica interventiva foi baseada em uma sequência básica de leitura literária nos moldes de Cosson (2014), utilizando o método do letramento racial crítico, de Aparecida Ferreira (2015), baseado na teoria racial crítica, de Ladson-Billings e Tate (1998), tendo também como embasamento teórico Santos (2022), Freire (2005), Gomes (2017) entre outros/as autores/as decoloniais. Essa experiência de pesquisa com educandos/as do 9º ano resultou na reflexão acerca da necessária inserção de textos literários de autoras/es negras/os no “chão da escola”, na perspectiva da desconstrução de estereótipos construídos pelo cânones ocidentais e/ou clássicos brasileiros, a fim de construir imaginários de resistência, visto que a leitura literária negra feminina ainda é pouco difundida nas escolas, mas se mostra como um potente instrumento para desconstruir saberes essencialistas que alimentam o racismo e suas várias dimensões. Tal estudo pelos/as educandos/as combaterá a deslegitimação da arte, da cultura e da literatura afro-brasileira.