Análise preditiva in silico de alterações genéticas identificadas em pacientes com distúrbios da diferenciação do sexo 46,XY atendidos em serviços de referência do Sistema Único de Saúde.
Distúrbios da diferenciação do sexo 46,XY; Análise preditiva; Correlação
genótipo-fenótipo.
Introdução: Os distúrbios da diferenciação do sexo (DDS) 46,XY compreendem um grupo
heterogêneo de condições congênitas caracterizadas por alterações no desenvolvimento
cromossômico, gonadal e/ou anatômico. A expressividade fenotípica é ampla, tornando o
diagnóstico desafiador, especialmente devido à sobreposição clínica e complexidade
etiológica desses casos. Nesse contexto, exames genéticos são ferramentas fundamentais para
o esclarecimento diagnóstico. Objetivo: Investigar os efeitos de alterações genéticas em
pacientes com suspeita clínica de DDS 46,XY acompanhados em um serviço de referência do
SUS de Alagoas. Materiais e Métodos: Estudo transversal e descritivo, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa, incluindo indivíduos com suspeita clínica de DDS 46,XY
atendidos entre 2008 e 2024 no Serviço de Genética Clínica do Hospital Universitário
Professor Alberto Antunes (SGC/HUPAA), com cariótipo 46,XY, sem diagnóstico etiológico
estabelecido e com amostras de DNA disponíveis para investigação. Foi realizado
sequenciamento em larga escala por meio de painel de genes associados a DDS. As variantes
identificadas foram classificadas conforme os critérios da ACMG. A análise de conservação
das variantes foi conduzida com o software Clustal Omega. A patogenicidade das variantes
foi avaliada pelo algoritmo Franklin, a estrutura das variantes será avaliada pelo PyMOL.
Resultados e discussões parciais: Dezoito casos de DDS 46,XY foram analisados. Todos
apresentaram alterações em genes relacionados a DDS. Foram identificadas 35 variantes em
26 genes diferentes: 25 missenses, 1 sinônima, 3 nonsense, 4 indels e 2 variantes em sítios de
splicing. Quanto à classificação da ACMG, observaram-se: 3 variantes patogênicas, 6
provavelmente patogênicas, 15 de significado incerto, 6 benignas e 2 provavelmente
benignas. Em relação à conservação, 10 variantes estavam localizadas em regiões
conservadas, 4 em regiões moderadamente conservadas, 1 em região pouco conservada e 10
em regiões não conservadas. A detecção de variantes em todos os participantes ressalta a
relevância do sequenciamento em larga escala na investigação etiológica dos DDS. No
entanto, a correlação genótipo-fenótipo pôde ser estabelecida somente em casos relacionados
a defeitos na síntese e ação androgênica e disgenesia gonadal parcial. Foram identificadas oito
variantes inéditas. A ampla diversidade de genes e manifestações clínicas reforça a
complexidade diagnóstica e o caráter heterogêneo dessas condições. Conclusões parciais:
Apesar dos avanços tecnológicos, a alta prevalência de casos idiopáticos e de variantes de
significado incerto permanece como um desafio na prática clínica dos DDS. A integração de
dados clínicos, moleculares e de bioinformática são essenciais para aprofundar o
conhecimento sobre os mecanismos etiológicos envolvidos e aprimorar o diagnóstico e o
aconselhamento genético dos pacientes com DDS.