SENTIDOS E SIGNIFICADOS DA MEDICALIZAÇÃO DA VIDA PARA ESTUDANTES NA FORMAÇÃO INICIAL EM PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO CAMPUS GARANHUNS
Formação inicial; Medicalização da vida; Inclusão escolar; Pedagogia; Psicologia Histórico-cultural.
O advento da educação inclusiva em nossa sociedade surge como um movimento necessário na integração dos sujeitos com deficiência que por muito tempo foram subjugados socialmente. Além disso, também reconhecemos que grandes avanços na área aconteceram sobre a ótica perspectiva inclusiva na formação de professores/as, todavia, ainda se observa tanto em formações continuadas como iniciais em que o discurso biologicista aparece de maneira a reforçar os processos de medicalização da vida escolar. Nesse sentido, a inclusão vem associada ao mote do diagnóstico, em que o discurso médico passa a validar as situações do não aprender, logo, se a criança não aprende é porque tem alguma coisa. É no gancho desse discurso que “há algo no outro” no sentido biológico, inato, que as práticas de medicalização da vida estão tão presentes em nossa sociedade, sobretudo nos ambientes escolares. Dessa maneira, o presente estudo teve como objetivo compreender os sentidos e significados da medicalização da vida escolar para estudantes de licenciatura em pedagogia da Universidade de Pernambuco - campus Garanhuns. Para isso, utilizamos como base de fundamentação teórica a Psicologia Histórico-cultural e os estudos sobre a perspectiva da Medicalização da Vida estabelecendo os nexos e relações com o processo da formação de professores/as. Assim, após aprovação no comitê de ética, realizamos uma pesquisa de campo, do tipo qualitativa, com a utilização da técnica de grupo focal, onde realizamos cinco encontros com 6 estudantes de graduação do curso de licenciatura em Pedagogia, os/as estudantes selecionados preencheram, inicialmente, um questionário para compreensão dos perfis dos sujeitos da pesquisa e em seguida participaram ativamente de todas as proposições realizadas no encontros do grupo. Por fim, a análise dos dados ocorreu à luz da análise do conteúdo (Bardin, 2016), onde estabelecemos inicialmente os temas-eixos e em seguida elaboramos três categorias, sendo elas: (1) olhar para a formação docente; (2) olhar para o contexto escolar e (3) olhar para os sentidos e significados da medicalização da vida escolar. Através desses, pudemos observar que ainda há uma escassa discussão a respeito da temática da medicalização da vida escolar no espaço da universidade, ecoando nos estudantes em formação inseguranças a respeito das demandas advindas da educação especial, tendo em vista que as demandas do não aprender tem a cada dia apresentado aos espaços escolares desafios que mobilizam saberes docentes ainda desconhecidos. Este estudo então, se propõe a refletir sobre esses sentidos e significados a fim de contribuir para uma formação mais sólida, crítica e que encontre caminhos para uma educação desmedicalizada, que compreenda o sujeito para além das lupas das alcunhas médicas enraizadas em nossa sociedade.