RECONFIGURAÇÃO ESPACIAL CARCERÁRIA NA PRÁTICA EDUCATIVA
LABORAL DE REEDUCANDOS NO NÚCLEO RESOCIALIZADOR DA CAPITAL
EM MACEIÓ ALAGOAS
Espaço carcerário, ressocialização, sistema penal, educação,
trabalho.
Os estudos que observam a população carcerária têm crescido em diversas áreas de
conhecimento, inclusive no campo geográfico. A proposta desta contribuição
geográfica parte da compreensão deste espaço carcerário, seus agentes e as
relações que o envolvem as práticas espaciais. Isso implica que enquanto este
espaço, anteriormente, conferia tão somente um valor punitivo e disciplinador, no
presente reconfigurando-se espacialmente e adquirindo um novo significado em
consonância com o que espera o sistema capitalista global em matéria de apropriação
dos espaços e dos tempos das pessoas e de sua força de trabalho. Assim, o objetivo
desta pesquisa consiste em compreender como o desenvolvimento do “Programa
Fábrica da Esperança” que atua no Complexo Penitenciário de Maceió, Alagoas torna-
se o lugar geográfico da reconfiguração espacial carcerária pela prática laboral
desenvolvida através dos agentes reeducandos e sua perspectiva de ressocialização.
O desenho metodológico caracteriza-se como pesquisa exploratório-descritiva
desenvolvida com técnicas de interpretação qualitativa, fundamentada em fontes de
informação secundárias e primárias na busca pelo entendimento sobre a educação e
o trabalho prisional como variáveis principais na reconfiguração espacial, cujo
antecedente foi a pesquisa de campo no período da graduação. A cobertura
geográfica da análise delimita-se na prática que opera em maior evidência na unidade
prisional Núcleo Ressocializador da Capital que faz parte do Complexo Penitenciário
de Maceió e regido exclusivamente através do Programa Fábrica da Esperança. A
pesquisa aponta para a reconfiguração espacial que ocorre por meio do Programa
produto da prática educativa laboral, considerando desde a percepção sobre o lugar,
o que envolve receber o benefício individual e o que provoca no imaginário coletivo
da população carcerária, enquanto possibilidade real, outrora meramente punitivo,
que se modifica a um espaço que na prática cotidiana gera contribuições para a
ressocialização dos presos. No entanto, considera-se relevante discutir os discursos
sobre os resultados positivos de baixas nos registros de fugas, rebeliões e nas taxas
de reincidência criminal em relação à média nacional, pois mesmo com esses
resultados, o Programa contempla somente uma população carcerária bastante
seletiva. Desse modo, a pesquisa aponta a necessidade de aprofundar em uma
avaliação mais ampla sobre o que significa esse modelo enquanto instrumento e as
possíveis falhas governamentais ao subvencionar o direito humano a uma educação
profissionalizante de maneira parcial e que não contempla a população carcerária do
estado como um todo e que não seria representativo como indicador de diminuição
de reincidência de reeducandos na criminalidade local.