Estudo de novos biomarcadores inflamatórios e sua relação com acometimento renal no Lúpus Eritematoso Sistêmico.
Lúpus eritematoso sistêmico; Nefrite lúpica; biomarcadores séricos; biomarcadores urinários
O lupus eritematoso sistêmico (LES) é uma das doenças reumatológicas auto-imunes mais prevalentes na população, acometendo especialmente adultos jovens, em idade economicamente ativa.
A doença é caracterizada pela presença de múltiplos auto-anticorpos, comprometendo diferentes órgãos e sistemas (FREIRE; SOUTO; CICONELLI, 2011). Indivíduos de todos os grupos étnicos podem ser acometidos, sendo mais comum em indivíduos da raça negra. A doença acomete predominantemente mulheres, com uma taxa que varia de 4 a 13 mulheres para cada homem (PETRI, 2002).
As manifestações da doença são heterogêneas, variando de anormalidades laboratoriais detectáveis a inflamação e falência de múltiplos órgãos (ARRIENS et al., 2017).
Sintomas constitucionais gerais, como astenia, febre e emagrecimento são comuns no LES (HOCHBERGt al., 2016). As lesões edermatológicas são muito frequentes e polimorfas, envolvendo pele, vasos e mucosas. As vasculites cutâneas ocorrem em cerca de 20-30% dos pacientes e podem causar lesões ungueais, ulcerações e gangrena de extremidades digitais. O envolvimento articular é comum, comprometendo preferencialmente as metacarpofalangeanas, as interfalangeanas proximais, os joelhos e os punhos, geralmente de modo simétrico. O comprometimento cardiovascular é caracterizado principalmente por uma pancardite.
Há evidências de comprometimento renal clínico em 50% dos pacientes. No acometimento renal pelo LES pode ocorrer em diversos compartimentos incluindo túbulos, interstício, vasos e glomérulos, sendo esses últimos os mais relacionados à sintomalogia em geral apresentada pelos pacientes (MARKOWITZ; D’AGATI, 2009). A doença glomerular no LES pode apresentar classes variáveis de gravidade com risco de óbito em alguns casos. A biópsia renal é o procedimento padrão utilizado para avaliar o grau de atividade e cronicidade relacionado à glomerulopatia. Entretanto, em alguns casos por motivos técnicos e/ou clínicos (por exemplo risco aumentado de sangramento) esta não é realizada utilizando-se nesses casos de tratamento baseado em marcadores clínicos e laboratoriais já bem estabelecidos para avaliação da função renal como a creatinina sérica e o clearance de creatinina além da dosagem de proteína na urina de 24 horas para conduzir a terapêutica (HOCHBERG et al., 2016; KLUMB et al., 2015). Dessa forma a avaliação de biomarcadores inflamatórios que possam estar relacionados aos graus de atividade da doença podem ser de grande importância no arsenal diagnóstico e terapêutico voltado ao paciente.