POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO: DISCURSOS FORMATIVOS DE PROFESSORES ALFABETIZADORES NO ÂMBITO DO PROGRAMA TEMPO DE APRENDER
Política Nacional de Alfabetização. Programa Tempo de Aprender. Curso Práticas de Alfabetização. Formação de professores alfabetizadores
Este trabalho discute o que dizem os professores alfabetizadores do Estado de Alagoas sobre o a participação no Curso Práticas de Alfabetização do Programa Tempo de Aprender que integra a Política Nacional de Alfabetização (PNA) , implantada pelo Decreto nº 9.765 de 11 de abril de 2019. Objetiva, portanto, compreender se a formação no âmbito do Programa Tempo de Aprender conduz os professores alfabetizadores a validarem os signos ideológicos que constituem a PNA e nela defendem o discurso de inovação, de evidências científicas e de eficácia no que tange o método fônico para a alfabetização das crianças brasileiras, a despeito dos saberes-fazeres construídos na experiência docente e na participação em programas de formação anteriores à PNA. Nessa esteira discursiva, busca-se relacionar políticas educacionais/de alfabetização e ideologia (signos ideológicos) e analisar a recepção da PNA pelos professores alfabetizadores, bem como identificar a avaliação que eles fazem do Curso Prática de Alfabetização para se investigar a relação (de mudança ou não) entre o conceito de alfabetização defendido pela PNA e o(s) que é(são) apresentado(s) por eles (os alfabetizadores que compõem o corpus de análise). Constitui-se numa pesquisa do tipo Survey (BRYMAN, 1989) que se valeu de questionário online respondido por 2.454 professores alfabetizadores alagoanos, articulada ao grupo focal (GATTI, 2005), realizado com 5 desses professores, tendo, portanto, natureza quanti-qualitativa (SAMPIERI, COLLADO E LUCIO, 2013). A base teórica que sustenta a discussão é composta por autores como Chauí (2001), Faraco (2009), Volochínov (2017) que abordam ideologia e signo ideológico; Ball (1994; 2001; 2002), Ball e Bowe (1992), Mainardes (2006; 2009), Mainardes e Marcondes (2009) que discutem política educacional pelo viés do Ciclo de Política de Ball; Soares (2004; 2006; 2016; 2020), Street (2014) que debatem alfabetização e letramento(s); Moraes (2013) que apresenta o conceito de literacia; Chartier (2000; 2007; 2010) que embasa a discussão sobre saberes-fazeres docentes. A análise dos dados empíricos, em andamento, pauta-se na técnica de análise de conteúdo em Bardin (2009), a partir da categorização emergente. O diálogo, ainda preliminar, com os dados vão indicando que, embora a PNA (2019) defenda o discurso de inovação, de evidências científicas e de eficácia do método fônico para alfabetizar num discurso ideológico de direita e neoliberal, os professores alfabetizadores, ainda que recebam e avaliem positivamente a proposta nela contida para a alfabetização das crianças brasileiras, reverberam em seus discursos sobre a prática os saberes-fazeres construídos na docência e advindos de formações anteriores tais como o Programa de Formação de professores Alfabetizadores (PROFA), o Pró-Letramento e Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), de modo a não zerar o passado, tampouco apagar/silenciar o signo ideológico “letramento” da alfabetização brasileira.