A (IN)VISIBILIDADE DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA:
NARRATIVAS DO COTIDIANO ESCOLAR E EXISTÊNCIAS
Pessoas em situação de rua. Cotidiano Escolar. Educação. Imagens. Memórias Narrativas.
Esta tese traz uma reflexão sobre o cotidiano das pessoas em situação de rua, na cidade de Maceió, procurando compreender a sua condição de (in)visibilidade através de imagens fotográficas (tiradas por eles) e dos diálogos provocados pelo pesquisador. Assim, trazendo à tona as suas histórias de vida escolar, numa perspectiva social e política. Dessa forma, levanta-se a seguinte problematização central: como e o que as pessoas em situação de rua, apoiadas em registros fotográficos (realizados por elas), narram a sua condição de existência e a sua história escolar? A partir desta pergunta central, surgiu outra indagação: De que forma essas falas e registros revelam-se implicados com o contexto social e político? Para tais questionamentos lança-se a hipótese de que as pessoas em situação de rua são (in)visibilizadas na sua condição de sujeitos portadores e produtores de culturas, ou seja, enquanto sujeitos que possuem saberes e histórias de vida e trajetórias escolares (interrompidas ou negadas). Do ponto de vista metodológico, optamos pelos estudos voltados para o Cotidiano (CERTEAU, 2019) e pela perspectiva teórico-metodológica Ecologia de Saberes (SANTOS, 2010), tendo como instrumento de coleta de dados o registro fotográfico, cujas “cenas” eram escolhidas pelos próprios sujeitos. As imagens fotográficas foram realizadas nos bairros de Jatiúca, Pajuçara, Pinheiro e Mangabeiras (são territórios que mais prevalecem sujeitos em situação de rua), que se encontram localizados na cidade de Maceió. As memórias de vida e escolar, forjadas nessas imagens, trouxeram indícios sobre as experiências (LARROSA, 1996) desses sujeitos praticantes que se (re)inventam em suas narrativas e, sobretudo, em seu cotidiano, procurando dar sentido à sua existência que parece negada pelo(s) outro(s). Daí por que nossa pesquisa procurou dar voz e vez a essas pessoas. Para tanto, trouxe-se ao diálogo autores como Certeau (2009), Santos (2010), Larrosa(1996), entre outros, para articular conceitos e fundamentos teóricos- metodológicos que pudessem sustentar as reflexões teóricas acerca de uma temática que nos obriga a lidar com os avessos. Os resultados sinalizam que as pessoas em situação de rua têm história de vida e trajetória escolar diversas, mas (in)visibilizadas por sociedade excludente, especialmente pela modernidade ocidental, visto que são sujeitos expostos a condição de vulnerabilidade social, econômica. Compreendeu-se, assim, a partir das imagens fotográficas e dos diálogos, que esses sujeitos buscam, de certo modo, uma "justiça social" e, ao mesmo tempo, uma "justiça cognitiva"; (SANTOS, 2010) vez que as memórias, em virtude de sua dimensão subjetiva, trama e se entranha na/pela realidade através de (re)ações singulares e de resistência, de suas jornadas de vida e escolar.