Banca de DEFESA: LILIAN BARBARA CAVALCANTI CARDOSO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : LILIAN BARBARA CAVALCANTI CARDOSO
DATA : 14/02/2023
HORA: 09:00
LOCAL: CEDU
TÍTULO:

A VIDA E A ESCOLA NAS NARRATIVAS BIOGRÁFICAS DE JOVENS EGRESSOS DE UMA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DO PROGRAMA ALAGOANO DE ENSINO INTEGRAL (pALei)

PALAVRAS-CHAVES:

Juventudes. Ensino médio. pALei. pesquisa biográfica em educação; relação com o saber.

PÁGINAS: 1250
RESUMO:

Esta tese teve como objetivo compreender os impactos da formação da escola média regida pelo Programa Alagoano de Ensino Integral - pALei nas ‘configurações de si’, de um grupo de jovens estudantes egressos, expressas por meio de narrativas biográficas. O Programa PALei trata-se de uma antecipação de tal concepção de formação para os/as jovens no EM que se consolida com a “Reforma” de 2017.  Desse modo, o objeto da pesquisa trata-se dos significados que jovens atribuem às experiências em uma escola média em um contexto específico, em relação a um programa criado com a justificativa sanar as dificuldades dos jovens em relação às pressões sofridas para definir suas perspectivas de futuro. Tal discussão faz parte do campo educacional, tanto pelos estudos sobre juventudes no EM nas últimas décadas, que assinalam para a existência de conflitos entre os estudantes relacionados ao “desencontro” que ocorre entre as expectativas de formação e de futuro desses sujeitos (projeto de si) e o projeto de formação propiciado pela escola como, também, pelos embates atuais em torno de políticas públicas para o Ensino Médio-EM no Brasil, que culminou com  “Reforma” de 2017”, empreendida com parcerias privadas, com a justificativa de solucionar os problemas que envolvem essa etapa da Educação Básica- EB. A “reformulação” do EM está ligada a concepção de que esta etapa deve ser prioridade política por formar a força de trabalho jovem, e por isso, tem como uma das suas finalidades a preparação básica para o trabalho, alinhada às dinâmicas econômicas neoliberais, que ditam um ideal de escolarização baseada na Pedagogia das Competências, cuja proposta de formação sujeita os indivíduos a uma responsabilização individual pelo sucesso ou não na carreira profissional e consequentemente, na vida como toda. Seguindo essa lógica, o EM seria, assim, um instrumento em potencial de provocar “crise existencial” nos jovens, em razão da pressão que eles recebem ao serem obrigados a pensar “no que irão fazer da vida”, dentro de um leque de opções ditadas pelo sistema como padrão. O Programa Alagoano de Ensino Integral – pALei se fundamenta nesses pressupostos. Suas diretrizes focam as áreas de Língua Portuguesa e Matemática, com ênfase em aprendizagens consideradas úteis para as juventudes, de acordo com suas condições sociais, a partir da orientação numa perspectiva individualizada pelo projeto de vida e voltada ao empreendorismo, considerados como capazes de contribuir em um apoio socioemocional. Tais diretrizes desconsideram as condições socioeconômicas das juventudes, as necessidades de investimento nas escolas, no trabalho dos profissionais de ensino e as necessidades de formação mais aprofundada dessas juventudes. Diante dessas considerações, a pesquisa realizada buscando responder à seguinte questão: o que dizem as narrativas biográficas dos jovens egressos de uma escola do Ensino Médio do pALei sobre suas experiências escolares que impactaram nas configurações de si, ou seja, para os significados apreendidos para explicarem sobre quem são. Este trabalho pretende contribuir para reflexão sobre os possíveis efeitos gerados pelos discursos reformistas do EM sobre Educação Integral em tempo integral, protagonismo juvenil e projeto de vida, a partir da análise dos impactos de formação do pALei para um grupo de jovens, que é um programa criado pela Secretaria de Educação do Estado de Alagoas (SEDUC-AL) e que vem efetivando, na prática, esses discursos desde 2015.  Nessa esteira, os pressupostos teóricos que guiaram esta investigação estão amparados na Pesquisa Biográfica em Educação de Christine Delory-Momberger e na Teoria da Relação com o Saber de Bernard Charlot. O percurso metodológico da coleta de dados e das análises interpretativas, baseou-se na Hermenêutica Objetiva sendo desenvolvido em quatro fases: 1) o levantamento de documentos oficiais, normas e legislações que fundamentam as políticas educacionais para juventude e do pALei; 2) realização da análise documental dos documentos oficiais do EM em âmbito nacional e estadual; 3) realização de materiais biográficos pelos/as jovens: a escrita de uma carta, entrevistas narrativas individuais, seguindo um roteiro de incitações narrativas; 4) análise das narrativas e das cartas. Os resultados levantados nesta tese apontam para o desencontro entre a vida dos jovens e a proposta da escola do pALei, com a identificação de que esta não contribuiu de modo tão significativo para realização dos seus projetos de si. Identifica-se que, anos após a conclusão do EM, os ex-estudantes demonstraram em suas narrativas a existência de um conflito expressado no “não saber o que fazer da vida”. Isso é um indicativo que os discursos reformistas, sem as condições concretas de formação para que esses/as jovens possam ter um repertório de caminhos possíveis, não irão surtir o efeito depositado em programas considerados “inovadores”; porém, centrados no desenvolvimento das competências individuais, e não no projeto de si dos/as estudantes. Nesse sentido, é necessário que as políticas públicas educacionais para essa etapa estejam atreladas à estratégias que contemplem as reais necessidades sociais, econômicas e culturais das juventudes e não somente busquem atender as demandas de formação ditadas pelo mercado de trabalho em uma sociedade excludente.

MEMBROS DA BANCA:
Interno(a) - 1259499 - GIVANILDO DA SILVA
Externo(a) à Instituição - MARIA CELESTE REIS FERNANDES DE SOUZA
Externo(a) à Instituição - ROSEANE MARIA DE AMORIM - UFPB
Presidente - 1646580 - ROSEMEIRE REIS DA SILVA
Interno(a) - 2217140 - VALERIA CAMPOS CAVALCANTE