Os descartes irregulares de resíduos oriundos das atividades humanas têm causado diversos problemas ambientais. Diante disso, tem-se observado uma forte tendência no desenvolvimento de pesquisas e processos que minimizem impactos negativos. Os métodos adsortivos têm ganhado destaque no tratamento de efluentes, uma vez que essas técnicas apresentam elevada eficiência na remoção de poluentes nocivos ao meio ambiente; tais contaminantes possuem baixa biodegradabilidade, resistência aos tratamentos convencionais e muitas vezes aparecem em baixas concentrações. O uso de biomassas como material adsorvente tende a reduzir os custos do processo adsortivo devido a sua disponibilidade e abundância. Dentre os poluentes persistentes, encontra-se o composto Rodamina B, um corante catiônico que, além de difícil remoção, apresenta risco à saúde. Das biomassas oriundas das atividades agrícolas, podemos citar a cápsula do kapok, que é considerada um dos poucos resíduos originários da Paineira (Ceiba pentandra (L.) Gaerth), visto que este é um dos únicos itens que não possuem aplicação descrita na literatura. Diante disso, fazer uso desse resíduo sólido como adsorvente, proporciona a valorização de um material que antes era visto apenas como rejeito. Nesse contexto, objetivou-se avaliar a cápsula do kapok como material adsorvente para remoção de Rodamina B em soluções aquosas. Através das técnicas de caracterização empregadas, como MEV (Microscopia Eletrônica de Varredura), Microscopia Ótica (MO), FTIR (Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier), DRX (Difração de Raio X), pH de carga zero e TGA/DTG (Análise Termogravimétrica) foi possível conhecer as características químicas e morfológicas do adsorvente. Avaliou-se também a cinética de adsorção, a interferência das variações de massa de adsorvente, concentração de adsorvato e influência do pH, bem como, os possíveis interferentes do processo adsortivo quando aplicado em águas reais. Foi observado que a cápsula do kapok apresenta estrutura morfológica composta de características que sugerem um potencial adsortivo elevado pelo indicativo de alta área superficial e presença de grupos funcionais característicos. Por se tratar de um material de origem vegetal natural, as características amorfas do mesmo foram confirmadas. Além disso, a análise termogravimétrica apresentou a estabilidade térmica do material natural. Nos testes de afinidade foi possível constatar forte interação em todas as faixas de pH aplicadas. Em pH natural, o percentual mínimo de remoção foi de 71 % nos testes em batelada. No ensaio em água real foi observada a não seletividade do material, devido a redução da capacidade adsortiva em água salgada, mas ainda apresentando percentual de remoção superior a 59 %, em condições mais severas. No estudo cinético foi observado que em 240 min foi atingido cerca de 80% da capacidade adsortiva do material. Nos ensaios em coluna de adsorção foi observado grande potencialidade do material para tratamento de efluentes coloridos em fluxo contínuo, tendo como mínimo percentual global de remoção superior a 54 %. O hidrocarvão produzido a partir do adsorvente residual apresentou elevada capacidade adsortiva com remoção mínima de 92 % em pH natural, se apresentando como excelente alternativa para sua destinação. Tais resultados corroboram o uso deste material como uma alternativa ambientalmente amigável em via dupla, tanto no tocante a valorização de um resíduo sólido quanto a sua potencialidade em processos de remoção de poluentes em fase aquosa.