CORPOS EM MOVIMENTO: PARTICIPAÇÃO DE ALAGOANAS NA MIGRAÇÃO DE MULHERES PARA A FORMAÇÃO DE ENFERMEIRAS - 1930/1960
O objeto de estudo dessa dissertação é a participação de alagoanas no movimento migratório para as escolas de formação de enfermeiras na capital do Brasil, no período de 1930 a 1960. São objetivos: descrever como a conjuntura social, do campo da saúde e do subcampo da Enfermagem favoreceu a migração de mulheres para ingressarem em escolas de enfermeiras do Rio de Janeiro, à época capital do Brasil no recorte temporal definido; e analisar como se deu a participação de alagoanas no movimento migratório feminino para a capital do Brasil e como o capital simbólico que possuíam favoreceu o recrutamento dessas mulheres pelas Escolas de Enfermeiras no recorte temporal definido. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, histórico-social, cuja temática estabelecida foi da História das Mulheres na perspectiva de gênero. O recorte geográfico estabelecido para este estudo foi o Brasil, entretanto, dada sua dimensão continental, delimitou-se como marco espacial o estado do Rio de Janeiro, por ter sido onde as primeiras Escolas de Enfermeiras se estabeleceram. O recorte temporal foi entre 1930 e 1960, tendo sido elencadas as seguintes instituições para compor o estudo: Escola de Enfermagem Anna Nery, Escola de Enfermagem Luiza de Marillac e Escola de Enfermagem Raquel Hadock Lobo. O caminho percorrido tomou como abordagem a análise histórico-documental de fontes de conteúdo, mais especificamente fontes verbais textuais e iconográficas, sendo estas: recortes de jornais, atas das reuniões de diretoras de Escolas de Enfermagem e um banco de dados das fichas de inscrição de alunas alagoanas que migraram para estudar nas Escolas supracitadas. Os achados foram classificados, contextualizados e analisados à luz dos conceitos de gênero, campo e capital de Bourdieu. Os resultados parciais dessa pesquisa indicam que o Feminismo de Primeira Onda, o intenso processo de industrialização e urbanização dos grandes centros urbanos, principalmente Rio de Janeiro, bem como o caráter estatal dado à saúde no pós-1930 foram fatores que potencializaram, de modo geral, a migração de mulheres nordestinas para o eixo sudeste-sul e, de modo específico, contribuíram para o recrutamento de moças nordestinas para compor o quadro discente das Escolas de Enfermagem. Ademais, até o momento, supõe-se que o capital simbólico das mulheres alagoanas que serão retratadas neste estudo se coadunam com os critérios de seleção elencados pelas diretoras das Escolas de Enfermagem.
História da Enfermagem; Educação em Enfermagem; Migração Interna; Feminismo