TECNOLOGIAS LEVES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: EM TEMPOS DE INTERDISCIPLINARIDADE O TRABALHO AINDA É MULTIDISCIPLINAR
Tecnologia. Atenção Primária à Saúde. Desenvolvimento Tecnológico.
Introdução: As tecnologias leves podem auxiliar os profissionais de saúde a desenvolver um processo de trabalho ancorado nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), haja vista, possuírem características próprias numa perspectiva elucidativa de organização e direcionamento mais ordenado e qualificado das ações de saúde para uma determinada população, sobretudo no campo de trabalho da Atenção Primária à Saúde – APS. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objeto de estudo a utilização das tecnologias leves no processo de trabalho da APS. Objetivos: identificar as principais tecnologias leves utilizadas no processo de trabalho da Atenção Primária à Saúde (APS) e analisar a utilização destas tecnologias no processo de trabalho das equipes de saúde que atuam na APS. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo e observacional, com abordagem qualitativa. Foi aplicado entrevista semiestruturada individual e realizado observação participante como técnica de produção das informações. A análise dos resultados foi realizada por meio da análise de conteúdo na modalidade temática proposta por Minayo a luz dos referenciais teóricos de Merhy, Starfield e Denise Pires. Resultados e discussão: A partir do corpus documental produzido emergiram três categorias de análise: 1) Trabalho em Saúde e Processo de Trabalho na Atenção Primária; 2) Tecnologias leves na Atenção Primária à Saúde: dificuldades e possibilidades; e 3) Desafios para utilização das tecnologias leves na Atenção Primária à Saúde: em tempos de interdisciplinaridade o trabalho ainda é multidisciplinar. Os resultados apontaram que as tecnologias relacionais são utilizadas de forma incipiente; as principais tecnologias leves utilizadas são a escuta qualificada, o acolhimento, a promoção da autonomia e corresponsabilização, a construção de vínculo e longitudinalidade do cuidado. Também ficou evidente que existem dificuldades quanto a organização dos processos de trabalho, inexistência de fluxo de atendimento nas UBS bem como classificação risco, deficiências no papel da APS na ordenação do cuidado e falta de integração entre as equipes NASF e ESF. Conclusão: Os Profissionais da APS precisam apostar nas tecnologias leves com mais ênfase, pois, esses arranjos tecnológicos possibilitam a reorganização do modelo de atenção à saúde, superando o modelo hegemônico biomédico ainda tão presente nas práticas assistenciais de saúde.