VIVÊNCIA MATERNA POR ADOÇÃO À LUZ DA TEORIA DE RAMONA MERCER
Criança adotada; Poder Familiar; Teoria de Enfermagem; Relações Mãefilho; Enfermagem Familiar
A adoção, quando concretizada, é uma ação irrevogável garantida por uma medida substitutiva de parentalidade para crianças ou adolescentes que foram destituídos do poder da família biológica. Estabelecida em Lei, ela é prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. Diante de uma formação familiar biológica, encontra-se bem consolidado o papel da enfermagem na assistência à saúde da família com estudos publicados sobre o período da gestação, parto, puerpério e puericultura e acompanhamento geral na atenção à saúde. Para este cuidado e assistência, o processo de enfermagem pode ser ancorado em Teorias de Enfermagem e neste contexto, a Teoria tornar-se mãe tem sido aplicada em diferentes contextos de maternidade. Com relação a maternidade por adoção, não se identificam muitos estudos na área da enfermagem, inclusive, ancorados em teorias de enfermagem de médio alcance, sendo as maiores referências para orientações e planejamentos, as equipes das varas da infância e da juventude e os Grupos de Apoio à Adoção. Desse modo, motivada por esta problemática, buscou-se compreender as vivências das mães por adoção à luz da teoria de Ramona Mercer. Estudo qualitativo e descritivo, realizado com mães por adoção vinculadas ao Grupo de Apoio à Adoção de Alagoas, no período de junho a julho de 2022, mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. A produção das informações foi por meio de uma entrevista estruturada, realizada de forma virtual pela plataforma Google Meet. Para a organização da análise, utilizou-se o método proposto por Bardin e o referencial de Ramona Mercer. Participaram deste estudo oito mães por adoção com idade média de 42 anos, três delas com constituição familiar monoparental, e tempo de espera na fila para adoção entre três meses e quatro anos e dez meses. Os resultados foram apresentados e discutidos segundo as quatro fases descritas por Ramona Mercer: compromisso, apego e preparação, com falas permeadas de anseios relacionados ao longo tempo de espera, o apoio e expectativa; conhecimento, aprendizagem e restauração física, com os relatos sobre os encontros com seus filhos e os primeiros momentos juntos; movendo-se em direção a um novo normal, descrevendo sobre o vínculo, apego e características percebidas em seus filhos; e obtenção da identidade materna, fase em que percebeu-se sentimentos de felicidade e realização. Estas vivências subsidiaram a elaboração de uma ilustração baseada na Teoria de Ramona com as variáveis que fazem parte desta vivência singular. Como considerações finais, aponta-se que o contexto da adoção pode determinar características das crianças e das mães diante de suas trajetórias as vivencias contemplam os aspectos abordados na Teoria Torna-se mãe.