RETRATOS EM PRETO E BRANCO: dinâmicas sociais no bairro da Ponta Verde e a
(des)construção do cartão postal de Maceió
Cartão Postal
Este trabalho versa sobre a orla marítima do bairro da Ponta Verde, recorte
que funciona como um relicário turístico de Maceió. Trata-se de um cenário cuja
imagem é extremamente divulgada, sendo quase que exclusivamente através dela que o
cartão postal da capital, e sua identidade turística atual, se constrói e se vende dentro do
mercado nacional. Porém, é importante observar as peculiaridades das dinâmicas
cotidiana do local, que funciona como um espaço vitrine da cidade – palco de conflitos,
tradições religiosas e culturais. Espaço de múltiplas divisões sociais, repressões,
preconceitos e contestações – onde corpos periféricos são mal-recebidos e o seu direito
ao lazer é vigiado. É espaço que se fragmenta em novos pedaços e se afirma a partir da
diversidade diária de seus usos, personagens e subversões – características cuja
totalidade do cartão postal, harmônico e paradisíaco, escolhe “esconder”. Com isso,
através de uma pesquisa interdisciplinar que permeia os campos da antropologia visual,
da etnografia e do urbanismo, intenta-se entender a construção do retrato atual de
Maceió, buscando dentro de sua história e dos seus diferentes cartões postais
comercializados ao longo das décadas, as motivações que implicam no modo de ver e
retratar a cidade de hoje. Assim, complementado por uma etapa de campo da pesquisa,
deve-se obter um olhar sensível e abrangente sobre a Ponta Verde, que fuja de sua
imagem fabricada e acolha os micro-espaços que o local produz. Olhar que enxergue os
vazios, brechas e fissuras nessa imagem inicialmente homogênea – e que, dessa forma,
reconstrua este retrato midiatizado, devolvendo um outro produto, um novo cartão
postal.