VARIAÇÃO FONOLÓGICA E LEXICAL EM LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Esta pesquisa tem como objetivo descrever e analisar variações linguísticas na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), utilizada por surdos maceioenses, guiando-se por pressupostos teórico-metodológicos da perspectiva da Sociolinguística laboviana. Para isso, parte-se de uma discussão acerca do léxico nas línguas de sinais, considerando-se a proposta de Fenlon et al (2017) e Brentari e Padden (2001), bem como da discussão acerca dos parâmetros nas línguas de sinais, considerando-se desde o estudo precursor de Stokoe (1960) e um estudo mais recente apresentado em Rosa et al. (2016). Metodologicamente, seguimos a Teoria da Variação Linguística (LABOV, 1972), considerando as variáveis extralinguísticas, escolaridade, sexo/gênero e faixa etária, para controle das variações observadas, a fim de verificar se essas variávies estariam correlacionadas a diferentes usos linguísticos. O corpus de análise foi constituído considerando três grupos de faixa etária: até 29 anos de idade; entre 30 a 49 anos; acima de 50 anos, com 2 homens e 2 mulheres em cada faixa. O estudo é centrado em variações em oito sinais na Libras referentes aos campos lexicais cor e alimento. Todos os participantes são surdos de Maceió, capital de Alagoas, e os dados que constituíram o corpus da pesquisa foram selecionados a partir do Projeto Inventário Nacional da Língua Brasileira de Sinais do Instituto de Investigação e Desenvolvimento de Política Linguística, portanto a metodologia de coleta de dados é a adotada pelo referido projeto. A análise aponta que não há diferenças significativas de variação que possam estar correlacionadas à variável sexo, havendo, no entanto, uma sinalização da variável escolaridade relacionada ao uso de determinadas formas. Nesse sentido, os resultados apontaram que surdos com escolaridade mais alta tendem a produzir variantes com empréstimo de configuração de mão representando letras do alfabeto da língua portuguesa. Em relação a faixa etária, também foi possível verificar correlação entre essa variável e o uso de sinais. Nesse sentido, por exemplo, a variante para BRANCO realizada com a mão não dominante fechada foi mais utilizada por pessoas mais jovens, enquanto idosos utilizaram a mão não dominante aberta para este sinal. Jovens e adultos fizeram uso de sinais menos icônicos, para alguns itens lexicais, enquanto idosos não apresentaram tal uso, como no caso do item MARACUJÁ.
Libras; Variação Fonológica; Variação Lexical; Faixa etária.