FRANKEN(STEIN)WEENIE: A Reescritura do gótico por Tim Burton
Tim Burton, cineasta, escritor, diretor e artista norte-americano, construiu, em seus trabalhos (filmes, desenhos, e poemas narrativos), um projeto narrativo único, caracterizado por um estilo singular. Suas fontes de inspiração são as narrativas góticas, fantásticas e os contos de fadas (SOARES; SIMÔES, 2008; NABIS, 2010), com forte apelo da literatura infantil e juvenil sendo traços evidentes em suas criações. Assim, Burton concretiza sua marca singular, na qual, de modo recorrente, destacam-se aspectos do gótico, que adquirem uma nova roupagem em suas narrativas. O escritor e diretor (re)conta, em seus trabalhos, narrativas clássicas da literatura e do cinema clássico de horror, partindo de um ponto de vista nunca antes explorado nos campos da literatura e do cinema. Esta pesquisa parte da hipótese de que Burton, em sua obra cinematográfica, se apropria dos elementos da narrativa gótica já cristalizados na cultura e dá-lhes uma nova configuração, construindo uma (re)leitura das narrativas clássicas e gerando efeitos inovadores. Nesta direção, exploro e analiso os elementos góticos e suas manifestações formais na obra literária Frankenstein (1818), de Mary Shelley, e no curta-metragem Frankenweenie (1984) e no longa-metragem homônimo de 2012, de Burton, partindo de uma perspectiva de leitura centrada nas configurações do gótico (GROOM, 2012; HURLEY, 2015; STEVENS, 2015); e de estudiosos/as dedicados/as à obra de Burton, como Ferenczi (2010), He e Magliozzi (2011), De Baecque (2011). O presente estudo dá continuidade a uma linha de reflexão que repensa as reconfigurações contemporâneas do gótico, identificando e refletindo sobre as formas pelas quais a reescritura das narrativas góticas pelo referido autor renovam a expressão estética do gótico, provocando efeitos singulares nos/as leitores/as, o que contribui para a releitura literária do gótico em seus desdobramentos formais, no caso, por meio do cinema.
Tim Burton; Gótico; Cinema; Estética