PPGLL PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E LITERATURA FACULDADE DE LETRAS Telefone/Ramal: 99662-2468

Banca de QUALIFICAÇÃO: GABRIELA COSTA MOURA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : GABRIELA COSTA MOURA
DATA : 30/07/2021
HORA: 14:00
LOCAL: PPGLL -formato remoto, via Google Meet, com o seguinte link da videochamada: https://meet.google.com
TÍTULO:

OS EFEITOS DE SENTIDO DO NOME PRÓPRIO “CHICO BUARQUE”


PALAVRAS-CHAVES:

Chico Buarque. Nome próprio. Efeitos de sentidos. Resistência. Acontecimento discursivo


PÁGINAS: 112
RESUMO:

O Golpe Civil-Militar no Brasil de 1964 constituiu para o país um corte brusco e severo do processo de construção de uma democracia, e com isso produziu o silenciamento de muitas vozes. A partir de 24 de janeiro de 1967 toda produção cultural e artística passa a ser regulada pelo AI-5. Neste contexto, qualquer tipo de manifestação contra o Estado era proibida. Os sentidos foram censurados, silenciados, excluídos para que não movimentassem o óbvio. A censura instalou-se no cotidiano do brasileiro nesta época ditatorial onde, na contramão, resistiam produções discursivas no campo da arte e da música. Foi nesse período que arte e política caminharam juntas, delineando um período de politização explícita, demonstrando o caráter sensível da arte. Não é possível distanciar a relação entre arte versus política, já que a arte em si mesma possui uma vertente política ao questionar a realidade, ao mesmo tempo em que abarca a sensibilidade da linguagem transformadora em sua propensão inerente à sua essência. A arte fornece elementos para a ação política. Neste cenário surge Chico Buarque de Hollanda, que fez parte da geração de compositores da MPB (Música Popular Brasileira) que abraçou um lugar de fala mais popular: as canções passaram a ganhar corpo de uma política engajada, no seio dos movimentos universitários. A voz política de Chico Buarque demonstrava um elemento revolucionário na produção artística produzida naquele momento histórico. Chico, mesmo não querendo, cria e produz música de resistência, na tentativa de driblar a censura quando muda de nome, utilizando um heterônimo: Julinho de Adelaide. As músicas de Chico Buarque eram proibidas somente porque levavam a sua assinatura. Hoje canções buarqueanas são resgatadas e atualizadas na memória discursiva no palco das disputas eleitorais brasileiras. A canção “Apesar de você” (1970) aparece na campanha do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) como forma de resistência e oposição ao discurso conservador do outro candidato. A canção “Cálice” foi representada e utilizada em uma apresentação de quadrilha do São João do Nordeste, região que, no âmbito geral, sustenta-se num movimento de resistência simbólica face ao discurso da extrema-direita. “Cálice” também foi reinterpretada pelo cantor Criolo em uma versão singular, representando a voz dos oprimidos. Identifica-se a memória discursiva causando um movimento de sentidos próprio à produção de Chico Buarque de Hollanda. Em 2015 o filme “Chico, artista brasileiro” foi censurado para exibição no Uruguai no 8º Cine Fest Brasil-Montevideu. Por que a censura a um filme de Chico Buarque na atualidade? O que ainda resta da ditadura? Seria a memória discursiva atuando em relevo impregnado ao nome próprio “Chico Buarque”? Por que “Chico Buarque” por si só revela o sentido da resistência em sua arte? Nesta pesquisa de doutoramento o objetivo principal é analisar os efeitos de sentido do nome próprio “Chico Buarque”. O corpus desta investigação tem um recorte preciso: canções da época da ditadura. A fudamentação teórica-metodológica que baliza este trabalho é a Análise de Discurso Pêcheutiana, com sustentação no materialismo histórico e articulação com a psicanálise lacaniana. Chico Buarque cantou a resistência ontem. Chico Buarque canta a resistência hoje porque sua música é para ser lida na atualidade, por ser expressão de um protesto que se renova no Brasil dos dias atuais, por ser um acontecimento discursivo. Deste modo, Michel Pêcheux nos ensina que pode-se entender o discurso da resistência como resultante do processo de dominação na sociedade de classes. Onde há dominação, a resistência é ipso facto. As canções de Chico Buarque ressurgem como músicas de protesto e resistência para marcar um momento histórico de luta, de recusa ao discurso conservador. Assim como Marx nos indica que a revivescência das músicas na atualidade seriam resgatar, pegar emprestado um grito de guerra e atualizar um passado.

 

 


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1695781 - SOSTENES ERICSON VICENTE DA SILVA
Interna - 1119849 - MARIA VIRGINIA BORGES AMARAL
Interno - 2534411 - HELSON FLAVIO DA SILVA SOBRINHO
Externa à Instituição - DANIELA BOTTI DA ROSA - CESMAC
Externa à Instituição - CRISTIANE GOMES DE SOUZA - CESMAC
Notícia cadastrada em: 07/06/2021 09:03
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