PPGLL PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E LITERATURA FACULDADE DE LETRAS Telefone/Ramal: 99662-2468

Banca de QUALIFICAÇÃO: DANIELLE CÂNDIDO DA SILVA NASCIMENTO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : DANIELLE CÂNDIDO DA SILVA NASCIMENTO
DATA : 22/07/2021
HORA: 14:00
LOCAL: PPGLL - Google Meet, videochamada: https://meet.google.com/ogb-nmzt-ubf
TÍTULO:

A QUESTÃO DO AFETO: Entre servidão e liberdade no discurso do sujeito empreendedor de si mesmo


PALAVRAS-CHAVES:

Discurso. Afeto. Sujeito-Empresa. Servidão. Liberdade


PÁGINAS: 100
RESUMO:

A experiência de escutar os trabalhadores nos leva a perceber repetições de discursos que dizem algo de uma formação discursiva onde transitam esses sujeitos. Dentro dessas repetições, aparecem palavras como competência, empreendedorismo, proatividade e custo-benefício, que são empregadas, geralmente, nas empresas, mas que estão sendo usadas pelos trabalhadores para descrever e avaliar sua vida. Nesta direção, recorrendo a um recurso metafórico, pergunta-se: como um sujeito se torna uma “empresa”? Especialmente com a concepção do novo homo oeconomicus, que reaparece no neoliberalismo como um empresário de si mesmo, para quem o investimento em capital humano é pensado muito antes de o sujeito tornar-se trabalhador: a formação da competência-máquina é constituída desde o início da sua vida. Diante desse contexto, a problemática deste estudo parte do pressuposto de que a aptidão para trabalhar, a competência, o poder fazer alguma coisa, tudo isso não pode ser separado de quem é competente e pode fazer essa coisa. Em outras palavras, a competência do trabalhador é uma máquina - o capitalismo transforma o trabalhador em máquina e, por conseguinte, o aliena. Nesse sentido, o empreendedor de si é o sujeito que incorpora as convocações biopolíticas para transformar-se continuamente, para ser um gestor eficaz de seu capital humano e, desse modo, ver a si mesmo como empreendimento - o que implica um processo de autotransformação que, consequentemente, metamorfoseia os afetos que circulam no corpo social, bem como a forma como o sujeito é afetado e afeta nas relações que estabelece em sociedade. Essa condição do sujeito conduz esse estudo às seguintes questões: Como compreender a afetividade como expressão da sociedade? Como a capacidade do sujeito de afetar e de ser afetado se molda a modelos comunicacionais que tomam parte de estratégias discursivas de agentes identificados como empresas/empreendedores? Essas perguntas instigam a investigação de forma mais particular sobre o discurso enunciado pelo e/ou para o novo homo oeconomicus, que corresponde a processos comunicacionais que convocam para que sejam sempre mais sujeitos do desempenho, gestores eficazes de si mesmos, numa sociedade supostamente utópica, que ele imagina ser a melhor para o futuro de todos. Com isso, temos por objetivo apresentar uma leitura sintomal, sistemática e sensível acerca do discurso dos afetos no processo de mudança ou transformação da sociedade. Com esse pressuposto, a fundamentação teórico-metodológica deste trabalho é ancorada na Análise de Discurso Pêcheutiana, sustentado no materialismo histórico, com a interlocução dos estudos sobre os afetos em Spinoza. As materialidades discursivas que compõem o corpus deste trabalho são constituídas por notícias e/ou reportagens que abordam dramas atuais, como a servidão da plataformização do trabalho e a emancipação com o empreendedorismo feminino. Sobre os enunciados, situa-se como ponto de observação e análise o discurso dos afetos e seus efeitos de sentido marcados na linguagem, no sujeito, na história, na ideologia e na afetividade, numa sociedade caracterizada pela dominação e resistência. Na análise, pode-se identificar que os corpos do sujeito empreendedor de si mesmo se encontram na discursividade afetiva na perspectiva de mudança ou de transformação da realidade. Conclui-se, pois, que os enunciados constitutivos do corpus desta pesquisa transitam entre o sentido de servidão e emancipação do sujeito. A condição de desamparo do sujeito-empresa aciona o restabelecimento do sentido de humanidade e a retomada do afeto da empatia. Em meio a essa configuração afetiva, os caminhos entre o conhecimento e afetividade, marcados pelo discurso, mostram-se como um meio possível de se fazer um uso inteiramente prático do pensamento spinozista, de modo que conhecer melhor a relação do sujeito com o mundo transparece a chance de escolha, isto é, ser ativo na geração dos afetos alimenta a potência do ato para ser e agir a fim do bem comum.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1119849 - MARIA VIRGINIA BORGES AMARAL
Interno - 2534411 - HELSON FLAVIO DA SILVA SOBRINHO
Interno - 1695781 - SOSTENES ERICSON VICENTE DA SILVA
Externa à Instituição - MARGARIDA MARIA SILVEIRA BARRETO
Externa à Instituição - BADER BURIHAN SAWAIA - PUC - SP
Notícia cadastrada em: 07/06/2021 09:03
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