Leveza e Polifonia n’O filho de mil homens: a presença do desassossego no livro de Valter Hugo Mãe
Romance Português Contemporâneo. valter Hugo Mãe. Leveza. Polifonia. Desassossego.
Esta pesquisa centra-se na análise teórica e crítica do romance O filho de mil homens (2011) de Valter Hugo Mãe, à luz dos estudos literários voltados para o gênero romanesco contemporâneo de Língua Portuguesa. Aqui, considerou-se o autor como um dos herdeiros éticos e estéticos da geração pós-Revolução de 25 de Abril de 1974 e, portanto, ensejou-se um breve percurso sobre a prosa dos autores dessa geração, a fim de justificar a escrita que foi legada a Valter Hugo Mãe. Legado literário que também abarca a presença da Leveza, tecida por Italo Calvino como uma das Seis Propostas para o Próximo Milênio (1988), e que reverbera nos demais romances do escritor português. Ademais, O filho de mil homens se constitui como uma prosa polifônica e desassossegada. Para além da fortuna crítica especializada no romance lusitano posterior à Revolução dos Cravos e contemporâneo, foi indispensável o acesso aos contributos teóricos de Mikhail Bakhtin (1895-1975), acerca do Dialogismo, da Polifonia e da Cultura Popular, para se pensar a poética de Mãe. Ainda, empreendeu-se percurso pelo Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa e seus semi-heterônimos, publicado apenas nos anos 1980. O texto pessoano inacabado foi utilizado aqui como aporte teórico para se pensar uma prosa poética, de frenesi linguístico e de mal-estar (1930), este último conceito entendido a partir das considerações de Sigmund Freud, teórico relevante nesta dissertação. Toma-se, portanto, neste estudo, o romance de 2011 como obra polifônica e desassossegada, que discute temas da atualidade viva deste breve Terceiro Milênio, com a marca da leveza.