Um exercício dialógico sobre a figura da Ama em Perdição de Hélia Correia: fragmentos e montagem a partir da tradição clássica
Teatro Português, Hélia Correia, Ama, Antígona, Dialogismo.
Este trabalho constitui estudo da figura da Ama em Perdição: exercício sobre Antígona (2001), peça teatral da escritora portuguesa Hélia Correia tecida a partir de fragmentos da tradição épica e trágica dos antigos gregos. O drama contemporâneo responde, ainda, pelo ressurgimento dessa personagem marginal durante a Segunda Guerra Mundial, nos palcos franceses, em Antigone (1943), de Jean Anouilh. Nesta pesquisa, então, evidenciaremos o resgate inacabado e dialógico (no sentido preconizado por Mikhail Bakhtin) da Ama clássica, no encalço dos rastros da personagem no teatro português contemporâneo. Seguimos o método da montagem literária preconizada por Walter Benjamin, especialmente na ênfase de rememorar a figura dos vencidos, sob a égide do materialismo histórico. Para embasar o pensamento benjaminiano, elegemos as obras Lembrar, escrever, esquecer (2006), de Jeanne Marie Gagnebin, e Walter Benjamin: aviso de incêndio - uma leitura das teses Sobre o conceito de história, de Michael Löwy. No âmbito da fortuna crítica de Hélia Correia, recorremos centralmente às pesquisas de Maria de Fátima Silva, que realizou o prefácio de Perdição (2006) e organizou a coletânea de estudos Furor: ensaios sobre a obra dramática de Hélia Correia (2006); além disso, ajudam-nos a entender as dinâmicas sociais e artísticas do mundo grego as pesquisas de Pierre Vidal-Naquet e Claude Mossé.