A INVASÃO NARRTIVA DE JOSÉ J. VEIGA: CRÍTICA SOCIAL E TRANSCULTURAÇÃO EM SOMBRAS DE REIS BARBUDOS
Transculturação; Narrador; Literatura; Paisagem; Cultura Popular.
Este trabalho tem como principal objetivo analisar a representação dos processos transculturadores presentes no contexto da obra Sombras de Reis Barbudos (1972), de José J. Veiga, buscando focalizar e compreender a questão do embate cultural representado neste romance a partir do “olhar” do narrador sobre a invasão da urbe nas pequenas comunidades do interior. Tal problemática aparece sugerida através de marcas identitárias, que evocam cenas, costumes e falares regionais típicos do interior brasileiro e/ou, mais especificamente, goiano, lugar onde o escritor nasceu e viveu sua primeira década de vida. O discurso do narrador sobre os acontecimentos que tomam conta de sua pequena cidade, Taitara, e a ambientação dada por Veiga a sua narrativa parecem inspiradas em suas vivências de infância, questões abordadas/problematizadas ao longo deste estudo, considerando-se o constante e complexo movimento dialético entre literatura, cultura, narração e paisagem, este último construído não apenas em seu aspecto visual, mas a partir de outras nuances que interagem com outros sentidos humanos: sons, cheiros, sabores, etc., e que cooperam para o reconhecimento de uma cultura tipicamente rural. Tal movimento possibilita o estudo de como a fricção entre culturas pode fornecer subsídios interpretativos que, em interação com outros elementos da narração, podem interferir na organização e desenrolar dos acontecimentos narrativos em S.R.B., observando-se uma conexão indissolúvel, advinda do texto, entre representação literária e cultura. Como amparo teórico-crítico acionamos: Angel Rama (1975), Walter Benjamim (1983), Alfredo Bosi (1992), Theodor Adorno (2003), entre outros. |