O EFEITO DO HUMOR E DA IRONIA NA CONSTRUÇÃO DE UMA DISTOPIA CRÍTICA EM MAFALDA
Distopia crítica. Humor. Ironia. Quadrinhos. Mafalda.
É possível realizar uma leitura partindo do princípio distópico crítico em um gênero que não faz parte da tradição literária própria da distopia crítica? Essa é uma das perguntas que motivaram a construção da presente dissertação. Com objetivo identificar se a série Mafalda estabelece diálogos com a distopia crítica e como o desenvolvimento desses diálogos é construído dentro da narrativa, por meio do humor e da ironia. Para isso, utilizo como objeto de estudos a série Mafalda, publicada pelo humorista e quadrinista argentino Quino entre os anos de 1964 e 1973, e que está diluída nas coletâneas Toda a Mafalda, que reúne em um único volume todas as tirinhas publicadas oficialmente no período mencionado, e Mafalda Inédita, que traz as tirinhas que foram censuradas e não publicadas oficialmente. Para tanto, minha pesquisa é estruturada essencialmente nos postulados teóricos de Alves-Costa (2021); Baccoline e Moylan (2003); Eisner (2005); Lima (2021); Moylan (2016); Queiroz (2012); Queiroz (2017); Ramos (2017); Ramos (2010); Survin (2015) entre outros. Este estudo conta como procedimento metodológico pesquisa de caráter bibliográfico, que possibilita a investigação de um tema a partir do material já publicado. Analisar a possibilidade de uma leitura da série Mafalda a partir de uma perspectiva distópica crítica primeiramente quebra com os padrões seguidos até o momento por verificar a existência dessa distopia crítica em um gênero diferente do tradicionalmente estudado, segundamente oportuniza a verificação da atuação desta forma textual sob perspectivas distintas do habitual e sinaliza que os efeitos reflexivos promovidos pela distopia crítica são potencializados através da estrutura dos quadrinhos, caracterizados essencialmente pelo uso simultâneo dos textos verbal e não-verbal.