A VARIAÇÃO QUEROLÓGICA E LEXICAL DA LIBRAS EM FORTALEZA E MACEIÓ: ESTUDO SOBRE ASPECTOS INTRA E EXTRALINGUÍSTICOS
Língua Brasileira de Sinais. Querologia. Variação linguística. Sociolinguística.
A Língua Brasileira de Sinais (Libras), como língua viva e pulsante, carrega a cada encontro de surdos a existência das experiências particulares de suas localidades. As ocorrências de variação nos sinais da Libras acontecem em diversos níveis, constituindo o desenvolvimento de pesquisas na área uma necessidade. Desse modo, a justificativa para esta investigação reside na necessidade de identificar e descrever as ocorrências de variação na Libras, uma vez que esse tipo de estudo pode enriquecer ainda mais a compreensão sobre a multiplicidade de sinalizações desta língua que é majoritária entre os surdos brasileiros. Nos interessou, especificamente, como objetivo geral, analisar as variações querológica e lexical ocorridas em 14 sinais retirados do corpus linguístico contido nos bancos de dados dos projetos REDE SURDOS, da Universidade Federal do Ceará (UFC), e LIBRAS NA UFAL, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), instituições da região Nordeste do Brasil vinculadas ao Projeto Corpus Libras/UFSC, que está construindo um Inventário Nacional da Língua Brasileira de Sinais (INDL). Fundamentamo-nos na Sociolinguística Variacionista de William Labov (2008), dialogando com outros autores da área como Coelho, Souza e Görski (2015), Bagno (2017), entre outros. As discussões sobre a Libras estão apoiadas em clássicos das áreas como Ferreira Brito (1995) e Quadros e Karnopp (2004), e pesquisadores como Castro Jr (2011 e 2014), Mendonça (2012), Machado (2016). Por constituir-se como pesquisa quantitativa e descritivista, os pressupostos metodológicos baseiam-se na Linguística de Corpus (ZAVAGLIA, 2004;KNIGHT, 2011), que incluem a documentação de dados linguísticos, sua descrição e recuperação dos mesmos para fins de análise linguística. A análise focou nos fatores linguísticos e extralinguísticos de variação da Libras a partir de três variáveis definidas: gênero (homem e mulher), faixa etária (jovens, adultos e idosos), região (Fortaleza e Maceió). Os resultados apresentaram ocorrências de variações internas e externas aos grupos investigados, configurando a presença de variantes e idioletos, além da influência de socioletos nas sinalizações estudadas. Esta pesquisa tenta contribuir com o conhecimento sobre a Libras, podendo servir de base para o desenvolvimento de outras pesquisas na área.