DISCURSIVIDADES SOBRE O SISTEMA PRISIONAL: A CIRCULAÇÃO DE SENTIDOS IDEOLOGICAMENTE MARCADOS
DISCURSOS; SISTEMA PRISIONAL; CAPITALISMO; CIRCULAAÇÃO DE SENTIDOS.
Circulam na sociedade inúmeros discursos sobre o sistema prisional e sobre os presidiários. Tais discursos fomentam o imaginário de que quem está na prisão merece ser punido das maneiras mais cruéis possíveis, pois “se está lá é porque alguma coisa fez”. Assim como, são discursos que, de algum modo, eximem o Estado de suas responsabilidades com as pessoas privadas de liberdade, afinal “bandido bom é bandido morto”, ao mesmo tempo, buscam apagar os fatores sociais, econômicos e políticos que selecionam quem deve e merece ir para a prisão e fazem aumentar a massa carcerária, ou seja, desconsideram as lutas de classes no processo de encarceramento, uma vez que “presídio cheio é problema de quem cometeu o crime”. Dessa maneira, o Estado e o sistema capitalista saem no lucro. Então, o objetivo que se esboça é analisar de que modo a ideologia do sistema capitalista reverbera nos discursos sobre o sistema prisional e de que maneira, também, por meio do processo discursivo, o sistema capitalista, através do Estado, pelo funcionamento do cinismo, beneficia-se do sistema prisional. Para tanto, com o trabalho ainda em desenvolvimento, adota-se como perspectiva teórica a Análise de Discurso proposta por Michael Pêcheux (1990, 1995, 2005, 2007), na França e, desenvolvida por Eni Orlandi (2004, 2007, 2012, 2013,), no Brasil. Logo, o corpus selecionado para análise até o momento é formado por discursos que, segundo o gesto de interpretação que se faz, apontam o sujeito preso como o único culpado por sua prisão e desconsideram a relação entre língua, sujeito e história na construção dos sentidos.