Do meme ao mito: uma análise do discurso neofascista brasileiro
Palavras-chave: Fascismo. Neofascismo. Meme. Discurso neofascista. Discurso religioso. Discurso digital. Jair Bolsonaro.
Esta pesquisa se debruça sobre o discurso neofascista brasileiro em seu formato digital, particularmente tomando como escopo o gênero discursivo meme. Para a investigação do objeto de tese, utilizam-se os aparatos teóricos e analíticos oferecidos pela Teoria da Análise do Discurso filiada a Michel Pêcheux (2014), colaboradoras (AMARAL, 2007; ORLANDI, 2020a, 2020b; ZOPPI-FONTANA, 2014) e colaboradores (COURTINE, 2016; PIOVEZANI, 2020). Define-se como objetivo geral de pesquisa o exame do neofascismo hodierno como forma de representação do discurso político brasileiro, analisando-se, para isso, as condições de produção que permitem sua emergência, cuja epítome foi a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência. A linha investigativa da tese indica que o discurso religioso, apropriado por neofascistas que mobilizam efeitos de sentidos produzidos e veiculados em uma sociedade do espetáculo (DEBORD, 1997), é importante alicerce do discurso neofascista no espaço virtual. Conclui-se que a sociedade brasileira hodierna, na segunda década do século XXI, passa por um processo discursivo de intensas transformações na seara política, um reflexo das novas formas de comunicação digital imediata, das quais o meme surge como veículo para a crítica social e política, para o lúdico, mas também como fonte primordial para a disseminação de ideologias da extrema direita e do neofascismo brasileiros. Este ideário extremista e neofascista é, por fim, analisado como sendo uma “novilíngua”, à moda de Orwell (2009), com características próprias em sua sintaxe e, principalmente, em sua semântica e no engendramento de efeitos de sentidos que se inscrevem na questão política do Brasil hodierno.