O ESPETÁCULO SUBTERRÂNEO E SOBRETERRENO ENTRE O CONSELHEIRO AIRES E BRÁS CUBAS: ESAÚ E JACÓ COMO ROMANCE POLIFÔNICO DA LITERATURA AFRO-BRASILEIRA
Machado de Assis; Esaú e Jacó; Conselheiro Aires; Romance Polifônico; Crítica Polifônica.
O presente trabalho visa realizar um estudo sistemático sobre o narrador Aires com o propósito de desenvolver o conceito de Supraterrâneo no romance Esaú e Jacó (1904), escrito por Machado de Assis. O estudo parte de uma análise comparada com o “homem subterrâneo” do ensaísta Augusto Meyer (2015) e com o narrador Brás Cubas, de Memórias póstumas de Brás Cubas (MACHADO DE ASSIS, 1880/1881). Como percurso metodológico, utilizamos estudos bibliográficos e historiográficos, porém articulados a partir da ideia de crítica literária polifônica, no esteio da contribuição de Mikhail Bakhtin sobre polifonia (2006), e de Silva Junior e Medeiros (2015) sobre o processo crítico polifônico. Além disso, os conceitos de dialogismo e inacabamento, também bakhtinianos, complementam a visão de que o romance, enquanto gênero multidiscursivo, atualiza a história dos indivíduos e, no caso específico do romance aqui estudado, do Brasil. Por fim, pensamos Machado de Assis como um escritor afrodescendente, alicerçados na contribuição crítica de Eduardo de Assis Duarte (2008), propondo um pensamento sobre/a partir do Morro na poética machadiana.