A CONCORDÂNCIA NOMINAL DE GÊNERO NA ESCRITA DO PORTUGUÊS COMO L2 POR SURDOS
Concordância nominal; gênero gramatical; português como L2; libras.
Nesta pesquisa apresentamos um estudo sobre a escrita do português como L2 por surdos brasileiros, usuários da libras, tendo como objetivo principal analisar como se dá a marcação da concordância nominal de gênero gramatical, em produções escritas, considerando que o português e a libras apresentam mecanismos distintos de concordância nominal de gênero. Para tanto, investigamos se e como características morfossintáticas da libras têm influenciado a escrita do português como L2, e se há um padrão na marcação da concordância nominal de gênero nos dados analisados, haja vista que se tratam de línguas de modalidades e propriedades sintáticas distintas. Apresentamos duas hipóteses norteadores para o estudo: (a) a marcação de concordância nominal, em produções escritas em português, por brasileiros surdos, usuários de Libras, apresenta uma instabilidade, ora manifestando o padrão encontrado no português, ora desviando desse padrão, apresentando uma concordância que denominaremos default; (b) A composição do nome e a sua vogal temática têm relação direta com a marcação ou não da concordância, isto é, os desvios da concordância tendem a ocorrer com maior frequência em nomes cuja vogal temática não é -a . Utilizamos como suporte para análise dos dados a teoria gerativista em seu modelo Minimalista (CHOMSKY, 1995 e seguintes), além de pesquisas realizadas por pesquisadores como Luchesi (2009 e 2012) e Sedrins e Silva (2012) que analisam ocorrências da concordância nominal de número e de gênero em variedades do português faladas em países africanos e comunidades quilombolas brasileiras. Os resultados mostram que o português escrito como L2 pelos surdos parece sofrer influência direta da estrutura Libras que é uma língua que não tem obrigatoriedade de marcar o gênero dos substantivos no SN e que esse é um processo que ocorre a todos os adquirentes/aprendizes de uma língua sem a obrigatoriedade de marcação de gênero para uma língua que essa marcação é obrigatória.