Encontros e desencontros da Rede Globo e o Governo Bolsonaro: os efeitos de sentido dos discursos sobre o presidente J. M. Bolsonaro
Discurso. Mídia. Política. Estado.
Este trabalho busca compreender os encontros e desencontros entre um dos maiores conglomerados de mídia no Brasil, a Rede Globo, e o então candidato à presidência da República, nas eleições de 2018, Jair Messias Bolsonaro, através da Análise do Discurso Materialista Histórica. Bem como, analisar os efeitos de sentidos que constroem os discursos sobre o então candidato que circulam no principal telejornal da emissora, o Jornal Nacional, buscando compreender como a imagem do candidato e presidente eleito é construída ao longo do ano de 2018 e 2019 e, assim, investigar em quais momentos a mídia e o sujeito candidato/presidente se alinham e se afastam. Tomamos como período de referência para a análise as edições do telenoticiário disponíveis no streaming da emissora (Globo Play), no período de agosto de 2018, período em que as candidaturas são homologadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, a fevereiro de 2019, quando o governo Bolsonaro completa um mês de trabalho. Ressaltamos que o corpus foi selecionado a partir dos acontecimentos do período mencionado anteriormente, destacando as escaladas - chamadas de notícias que serão apresentadas ao longo da edição daquele dia - e as aberturas de reportagens, ambas tendo como personagens os âncoras do telejornal William Bonner e Renata Vasconcellos. Para dar conta do proposto, esta pesquisa se ancora na Análise do Discurso Materialista Histórica, fundada por Michel Pêcheux. Ao longo deste trabalho, buscou-se compreender o funcionamento dos discursos e efeitos de sentido que constroem a narrativa sobre o até então deputado federal pelo Rio de Janeiro, buscando compreender, por meio do discurso, como a Rede Globo se posiciona em relação ao candidato e, logo em seguida, presidente do Brasil. Aqui compreendemos que o discurso jornalístico parte primordialmente da lógica de defesa dos interesses ideológicos e financeiros dos grupos de comunicação, que constroem efeitos de sentidos de imparcialidade para transformar o discurso jornalístico um produto que convença o público de que o que está sendo apresentado é a verdade sobre aquele fato. Para conseguirmos dar conta do que foi proposto, recorremos à Análise do Discurso fincada no materialismo histórico, que compreende o discurso pela ótica da luta de classes.