Padrões alimentares de mulheres durante o primeiro ano pós-parto em uma área de elevada vulnerabilidade socioeconômica: um estudo de coorte
padrões alimentares; período pós-parto; alimentação materna; insegurança alimentar; estudos de coorte.
O estudo tem como objetivo identificar padrões alimentares de mulheres durante o primeiro ano pós-parto e avaliar o efeito da insegurança alimentar, idade e escolaridade na adesão aos padrões alimentares. Trata-se de um estudo longitudinal com dados de uma coorte prospectiva conduzida no Brasil entre os anos 2017-2018. Foi realizado análise dos componentes principais para identificar os padrões alimentares, a partir de três questionários de frequência alimentar, aplicados às mulheres ao terceiro (n= 207), sexto (n= 195) e décimo segundo (n= 183) mês pós-parto, através de visitas domiciliares. Para avaliar o efeito da insegurança alimentar e dos fatores demográficos na adesão aos padrões alimentares identificados, modelos de regressão logística generalizado, com efeitos mistos, fixos e aleatórios, foram elaborados. Identificamos dois padrões alimentares de composição distinta: o primeiro padrão alimentar identificado foi composto por alimentos predominante saudáveis e tradicionais da região de estudo, nomeado Predominante Saudável (PAPS); o segundo padrão alimentar foi composto de alimentos majoritariamente ultraprocessados, sendo nomeado Predominante Ultraprocessado (PAPUP). Os padrões alimentares não apresentaram variação temporal no período analisado. Permaneceu com efeito sobre a maior adesão ao PAPS, o aumento da idade (OR=1,08; p= 0,032), maior acesso a escolaridade (OR=1,18; p= 0,026) e menor escore de insegurança alimentar (OR=0,85; p= 0,009). Em relação a adesão ao PAPUP, observamos uma associação inversa com a idade (OR=0,92; p=0,033) e com o acesso a escolaridade (OR=0,84; p= 0,029) e com maiores escores de insegurança alimentar (OR=1,18; p= 0,010). Observamos uma associação negativa entre a adesão ao PAPS e o nível de insegurança alimentar. Essa relação com o PAPUP foi positiva. Quanto maior a idade e a escolaridade, maior adesão ao PAPS. De forma inversa, quanto menor idade e escolaridade, maior a adesão ao PAPUP. Recomendamos respostas resolutivas, visando a segurança alimentar e o direito humano a alimentação adequada, em especial, nas populações mais vulneráveis.