Efeitos de refeições ricas em alimentos ultraprocessados comparadas a refeições sem alimentos ultraprocessados nas medições apetitivas, efeito térmico dos alimentos, função autonômica e sensibilidade à insulina em indivíduos com obesidade
Ingestão de alimentos; Regulação do apetite; Metabolismo energético; Frequência cardíaca; Sistema nervoso autônomo; Resistência à insulina.
Nas últimas décadas, o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) aumentou significativamente em todo o mundo, e esta elevação está associada a maiores taxas de morbimortalidade, especialmente quando combinado com a obesidade. Acredita-se que este grupo de alimentos contribui para repercussões negativas na saúde humana, uma vez que parece influenciar no complexo metabólico e sistema neural. No entanto, especula-se se as particularidades dos AUP, composição e nível de processamento, estão associadas a estes desfechos. Diante disso, o objetivo desde estudo foi avaliar os efeitos de refeições ricas em alimentos ultraprocessados comparadas a refeições sem alimentos ultraprocessados nas medições apetitivas, efeito térmico dos alimentos, função autonômica e sensibilidade à insulina em indivíduos com obesidade. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, paralelo, simples cego, com duração de 3 horas, que comparou o efeito de duas refeições teste. As refeições foram pareadas em quantidades de quilocalorias, carboidratos, proteínas, lipídios, sódio e fibras. Foram incluídos indivíduos adultos com obesidade, e a pesquisa foi realizada no Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Universidade Federal de Alagoas, em julho de 2023. Os desfechos avaliados foram: ritmo alimentar, medidas apetitivas, efeito térmico do alimento (ETA), função autonômica e marcadores de sensibilidade à insulina antes e depois das refeições de teste. Os dados foram analisados por meio de análise de variância mista e teste “t”.Após o consumo de AUP, uma taxa de ingestão significativamente menor (07:52 ± 3:00 vs. 11:07 ± 03:16 min, p<0,01), mastigações (424,07 ± 148,50 vs. 587,80 ± 152,89, p<0, 01) e garfadas (27,32 ± 9,68 vs. 42,65 ± 11,54, p<0,01) foram observadas e maior capacidade alimentar (39,68 ± 22,69 vs. 23,95 ± 18,92 mm, p=0,02). No entanto, o ETA, a função autonômica e a sensibilidade à insulina não foram significativamente diferentes entre as refeições. Conclui-se que uma refeição rica em AUP levou a uma maior taxa de ingestão, menos mastigações e garfadas e também teve menor probabilidade de reduzir a capacidade alimentar. Porém, não mostrou diferenças no ETA, função autonômica e marcadores de sensibilidade à insulina em indivíduos com obesidade.