PREVALÊNCIA DE ADIÇÃO POR ALIMENTOS EM UMA POPULAÇÃO IDOSA E SUA ASSOCIAÇÃO COM SINTOMAS DEPRESSIVOS
Adição alimentar; Vício Alimentar; Depressão; Envelhecimento; Idoso.
A Adição por Alimentos (AdA), tem sido largamente estudada pela comunidade científica, e apesar de não haver um consenso sobre o construto, evidências indicam que parece ser um consumo compulsivo e hiperfágico de alimentos hiperpalatáveis que promovem uma intensa ativação do sistema nervoso central, levando à dependência, com características semelhantes ao que ocorre em transtornos aditivos por substâncias. Em diferentes populações, apresenta associação positiva com alto consumo de alimentos ultraprocessados, obesidade, sexo feminino e depressão na população adolescente e adulta. Contudo, até o momento não havia estudos avaliando a AdA em uma população exclusivamente idosa, e diante do envelhecimento populacional é fundamental identificar fatores de risco que possam interferir no processo saúde-doença do idoso, que está mais vulnerável tanto ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis e excesso de peso quanto de depressão, cuja prevalência é superior à observada nos mais jovens. Dessa forma, este estudo objetivou identificar a prevalência de AdA em idosos e verificar se há associação entre AdA e sintomas depressivos numa população idosa. Este trabalho trata-se de um estudo observacional, transversal, que avaliou uma amostra de pessoas com idade ≥ 60 anos, por meio visitas domiciliares, e faz parte de um estudo maior intitulado: “I Diagnóstico Alagoano Sobre Saúde, Nutrição E Qualidade De Vida Da Pessoa Idosa”. O n estimado para a prevalência de AdA foi de 252 e 397 para avaliação da associação entre as variáveis. Foram coletados dados sociodemográficos, condições de saúde, sintomas depressivos (GDS-15), AdA (mYFAS2.0) e dados antropométricos. A prevalência de AdA foi de 0,6% (n=2), um valor abaixo do esperado, a prevalência de sintomas depressivos foi 24,3% (n=83). Não foi possível realizar a regressão logística para avaliação da associação de Ada e sintomas depressivos devido ao baixo n com o desfecho, mas houve associação positiva entre sintomas de AdA e sintomas depressivos, independente do sexo, IMC e de morar sozinho (RC=4,37 [IC95%=1,95 – 9,78]). Este foi o primeiro estudo que avaliou AdA em uma amostra exclusiva de idosos, e identificou uma prevalência de adição por alimentos muito baixa que das faixas etárias mais jovens, estudos longitudinais e de neuroimagem são necessários para a compreensão das variáveis que podem influenciar nessa drástica diferença.