EFEITO DO SURFACTANTE SOLUTOL®️ HS 15 EM MODELO EXPERIMENTAL DE EPILEPSIA DO LOBO TEMPORAL MESIAL
epilepsia, solutol, neuroproteção, anticonvulsivante.
A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por uma predisposição crônica do cérebro em gerar crises epilépticas recorrentes e espontâneas (CREs). A Epilepsia do Lobo Temporal Mesial (ELTM) é a forma mais comum em adultos e muitas vezes é resistente aos tratamentos disponíveis. Por isso, é urgente encontrar novas opções terapêuticas. Estudos anteriores do nosso grupo de pesquisa indicaram que o Solutol®️ HS 15 (SOL), um excipiente farmacêutico usado como surfactante e carreador de fármacos, poderia ter ação anticonvulsivante e antiepileptogênico. Neste estudo, investigamos essa possibilidade usando um modelo animal de Status Epilepticus (SE) induzido por pilocarpina. Assim, o objetivo foi avaliar se o SOL: i. reduz as crises durante o SE e na fase crônica da epileptogênese, ii. reduz a neurodegeneração e, iii. modula a expressão de genes associados a epileptogênese. Para isso, ratos machos da linhagem Wistar foram pré-tratados com SOL (grupos experimentais) ou solução salina (SAL) (grupos de controle) por administração intrahipocampal (I.H.) ou intraperitoneal (I.P.), e depois submetidos a 90 minutos de SE. Foram eutanasiados 24 horas após a reversão do SE para as análises histológicas e moleculares. Na fase crônica, animais epilépticos receberam tratamento com SOL ou SAL por via intraperitoneal durante 15 dias. Todos os animais foram monitorados por vídeo durante SE, latência e fase crônica, e suas crises foram avaliadas usando a escala de Racine. A neurodegeneração hipocampal total e em suas sub-regiões (Corno de Ammon: CA1 e CA3; e Hilo) foi avaliada com Fluoro-Jade. A expressão de transcritos associados à epileptogênese foi medida por RT-qPCR. A análise estatística foi realizada com o programa GraphPad, Prism 9.0. O pré-tratamento com SOL reduziu o número total de crises durante o SE em 38,97% (via I.H.) e 60,87% (via I.P.), a neurodegeneração hipocampal total (29,07% a 66,62%) em todos os modelos testados. Além disso, animais pré-tratados com SOL apresentaram aumento da expressão de BDNF (via I.H.) e diminuição da expressão de GFAP (via I.P.), indicando efeito neuroprotetor. Portanto, o estudo mostra que o SOL tem efeitos anticonvulsivantes durante o SE e na fase crônica da epileptogênese, além de reduzir a neurodegeneração hipocampal e alterar a expressão de BDNF e GFAP. Esses achados são promissores para o potencial papel do SOL no tratamento da epilepsia.