Análise do conhecimento de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas da atenção básica em saúde de uma capital do nordeste brasileiro sobre a avaliação do grau de incapacidade física em pacientes com hanseníase
Hanseníase; Atenção primária; Incapacidade física.
Os principais problemas decorrentes da hanseníase são as incapacidades físicas. Tais incapacidades podem ser permanentes, pois o bacilo de Hansen atinge nervos periféricos, podendo afetar as fibras motoras, sensitivas e autonômicas, tornando os pacientes mais susceptíveis a acidentes, queimaduras, feridas e, até mesmo, amputações, resultando em danos sociais e psíquicos que interferem na qualidade de vida destes indivíduos. O município de Maceió é o recordista absoluto em número de casos novos no Estado de Alagoas. O Ministério da Saúde elaborou recomendações para a avaliação do Grau de Incapacidade Física (GIF) em pacientes hansênicos, a qual deve ser realizada em todos os pacientes em vários momentos: no diagnóstico, a cada três meses durante o tratamento e na alta por cura, utilizando a avaliação neurológica simplificada, composta de testes que avaliam a função neurológica (sensitiva e motora) de olhos, mãos e pés. Contudo, os dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde mostram que, nos últimos 10 anos, 15% dos pacientes da capital alagoana não tiveram o GIF avaliado quando diagnosticados. Esta pesquisa teve por objetivo analisar os conhecimentos desses profissionais quanto à avaliação do grau de incapacidade física em hanseníase. Trata-se de pesquisa quantitativa, observacional, descritiva, do tipo transversal. Foi aplicado um formulário próprio envolvendo 38 médicos, 40 enfermeiros e 08 fisioterapeutas em atuação nas Unidades Básicas de Saúde do município de Maceió-AL. O conjunto de resultados obtidos neste estudo demonstram que a maioria de médicos e fisioterapeutas conhecem a avaliação neurológica simplificada, porém, não sabem executá-la, diferente dos profissionais da enfermagem, que, em sua maioria, relataram saber executar a ANS. Já em relação à avaliação do GIF, nossos resultados demonstraram que a maior parte dos médicos e enfermeiros entrevistados conheciam a avaliação do GIF, mas não sabiam executá-la, enquanto que a maior parte dos fisioterapeutas sequer conhecem a avaliação do GIF. Cabe destacar ainda que apesar dos profissionais saberem executar a ANS e a avaliação do GIF foi reportado que nas Unidades de Saúde não há materiais suficientes para a realização de um trabalho mais preciso. Com a realização deste estudo ficou evidente a necessidade de investimentos na formação continuada dos profissionais diante de um tema de grande relevância para a saúde pública. Além disso, o próprio sistema de saúde precisa ser melhor estruturado para ofertar a todos os profissionais os instrumentos para realizarem a avaliação neurológica simplificada e a classificação do grau de incapacidade física com maior precisão.