CONSUMO ALIMENTAR E ASSOCIAÇÃO COM A SÍNDROME METABÓLICA E SEUS COMPONENTES: ESTUDO DE BASE POPULACIONAL COM MULHERES QUILOMBOLAS DO ESTADO DE ALAGOAS, BRASIL
Síndrome metabólica. Alimento in natura. Dieta Ocidental. Grupo com Ancestrais do Continente Africano. Dieta Saudável
Objetivo: Investigar os padrões alimentares e níveis de processamento de alimentos consumidos por de mulheres quilombolas e verificar sua associação com a síndrome metabólica (SM) e seus componentes. Métodos: Estudo transversal do tipo inquérito domiciliar de base populacional, realizado em comunidades remanescentes de quilombos do estado de Alagoas, Brasil. Utilizou-se amostra probabilística de 876 mulheres na faixa etária de 19 e 59 anos (38,8 ± 11,0). Foram avaliadas as características socioeconômicas, demográficas, estilo de vida, antropométricas, condição de saúde e de ingestão alimentar. O consumo alimentar foi estimado por meio de inquérito recordatório de 24 horas (R24h). A SM foi a variável dependente e o consumo alimentar a variável independente. Os padrões alimentares foram derivados por meio de análise fatorial pelo método de componentes principais seguida de rotação ortogonal varimax. Os alimentos consumidos foram categorizados de acordo com a classificação NOVA. As associações foram estimadas pelas razões de prevalências brutas e ajustadas e respectivos IC95%, calculadas por regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: A prevalência de SM foi de 48,1%. Seis padrões alimentares principais foram identificados: padrão carnes, feijões e temperos; padrão cereais/raízes, óleos e infusões; padrão açúcares e fast food; padrão frutas e legumes; padrão álcool e verduras; padrão laticínios e caldos proteicos. A SM não se associou a nenhum padrão alimentar. O padrão açúcares e fast food foi associado à obesidade abdominal. Uma menor prevalência de hiperglicemia e HDL baixo esteve associada ao padrão laticínios e caldos protéicos. De acordo com a classificação NOVA, o consumo de ingredientes culinários processados aumentou em 1,24 vezes a probabilidade de síndrome metabólica. Conclusão: Um maior consumo do padrão laticínios e caldos proteicos foi associado a elevação das taxas de HDL e redução da prevalência de hiperglicemia. A SM foi associada ao consumo de ingredientes culinários processados. Os resultados apresentados podem ser usados como direcionamento para o desenvolvimento de intervenções no âmbito clínico e de politicas públicas.