VALIDAÇÃO DE UM NOVO MODELO ANIMAL NO ESTUDO DA ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM CAMUNDONGOS INDUZIDO POR UMA BAIXA DOSE DE PILOCARPINA
Pilocarpina; ansiedade; depressão; modelo animal; validade preditiva; corticosterona.
Os modelos animais para o estudo dos transtornos de ansiedade e depressão são ferramentas importantes para a compreensão da fisiopatologia e o desenvolvimento de novas terapias farmacológicas. Recentemente, estudos tem demonstrado que doses subconvulsivantes de pilocarpina (PILO; agonista não seletivo dos receptores muscarínicos) produz um comportamento do tipo ansiogênico de curta e longa duração em ratos Wistar. Nosso grupo de pesquisa estendeu estes dados ao demonstrar que camundongos Swiss (de ambos os sexos) apresentam um comportamento do tipo ansiogênico e depressivo após o tratamento com uma baixa dose de PILO; sendo as fêmeas mais responsivas aos efeitos a longo prazo. Esta pesquisa se propôs a realizar a validade farmacológica deste novo modelo animal de ansiedade e depressão induzido após administração de uma baixa dose de PILO em camundongos fêmeas, assim como, investigar as alterações nos níveis sorológicos de corticosterona e no padrão de neurogeneração hipocampal. Para a validade farmacológica, camundongos Swiss fêmeas foram tratados com PILO (75 mg/Kg, i.p.) e 24 horas ou após 30 dias seguidos foram tratados com diazepam (1.5 mg/Kg, i.p.) ou fluoxetina (10 mg/Kg, i.p.). Os efeitos a curto (24h) e a longo prazo (30d) dos tratamentos nos comportamentos relacionados com medo, ansiedade e depressão foram observados nos testes do labirinto em cruz elevado (LCE) e do nado forçado (NF), respectivamente. A atividade locomotora espontânea dos animais foi avaliada no campo aberto (CA). Posteriormente aos testes, o sangue e o cérebro dos animas foram coletados para as análises dos níveis sorológicos de corticosterona e do padrão de neurodegeneração hipocampal (por Fluoro-Jade C; FJ-C). Como resultados, observamos que o tratamento com diazepam bloqueou o comportamento do tipo ansiogênico a curto e a longo prazo (e.g., aumentou o tempo e o número de entradas dos braços abertos no LCE) induzido por PILO, mas não o comportamento do tipo depressivo no NF. O tratamento com fluoxetina foi capaz de bloquear o comportamento do tipo ansiogênico (e.g., aumentou o tempo e o número de entradas dos braços abertos no LCE) e depressivo (e.g., diminuiu o tempo de imobilidade no NF) induzidos por PILO, somente a longo prazo. Os animais tratados com PILO e posteriormente com diazepam ou fluoxetina não apresentaram alteração na locomoção espontânea no OF. O tratamento com PILO aumentou os níveis sorológicos de corticosterona a curto prazo, mas não a longo prazo. Passadas 24h ou 30d, os animais tratados com PILO não apresentaram neurodegeneração (FJ-C-) hipocampal.
Estes resultados sugerem que os comportamentos do tipo ansiogênico e depressivo induzidos pela PILO podem ser bloqueados com o tratamento agudo ou crônico com ansiolítico e antidepressivo padrão, de maneira similar ao encontrado na clínica, demonstrando a validade preditiva deste novo modelo animal.