Hormônios tireoidianos como possíveis correguladores das aquaporinas 1 e 4 em gliomas humanos: um estudo piloto usando uma abordagem de bioinformática.
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Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu marcadores moleculares (expressão genotípica) como importantes fatores preditivos para o diagnóstico de tumores cerebrais. No cérebro, a expressão e localização de transportadores de água, aquaporinas (AQPs), está substancialmente modificada em gliomas durante os processos de tumorigênese, migração celular, formação e resolução do edema cerebral. Dessa forma, hipotetizamos que as alterações moleculares associadas às AQP1 e AQP4 cerebrais podem ser potenciais alvos terapêuticos no câncer. Nosso grupo de pesquisa, por exemplo, já demonstrou uma ação moduladora da triiodotironina (T3), forma biologicamente ativa do hormônio tireoidiano, sobre a expressão da AQP4 durante o desenvolvimento do sistema nervoso central e sobreas células humanas de glioblastoma multiforme. Para testar esta hipótese, realizamos uma análise bioinformática a partir de dados genômicos públicos e disponíveis para download. Neste caso, usamos RNA-seq como estratégia experimental e identificamos a expressão diferencial dos números de transcritos das AQP1 e AQP4 em tecidos de gliomas comparando-os com seus níveis em tecidos cerebrais saudáveis. Como esperado, os genes das AQPs estavam superexpressos em pacientes com glioma. Entre os subtipos moleculares dos gliomas, AQP1 e AQP4 estavam superexpressos em astrocitoma (glioma de baixo grau) e no subtipo clássico (glioma de alto grau). A análise de sobrevida global demonstrou que ambos os genes das AQPs podem ser usados como fator prognóstico para pacientes com glioma de baixo grau, confirmando os resultados de estudos anteriores e reforçando seus valores clínicos. Também observamos graus de correlação entre a expressão de genes envolvidos nas vias da tirosina e dos hormônios tireoidianos e as AQPs em questão. A saber: PNMT, ALDH1A3, AOC2, HGDATP1B1, ADCY5, PLCB4, ITPR1, ATP1A3, LRP2, HDAC1, MED24, MTOR e ACTB1 (coeficiente de Spearman = ≥ 0,20 e p = ≤ 0,05). Essas vias moleculares e os genes AQP1 e AQP4 podem ser usados para estudar novas drogas antitumorais, além de ser úteis no diagnóstico molecular neste tipo de tumor, pois apresentam potencial como biomarcadores diagnósticos e terapêuticos em gliomas malignos.