CRONOTIPOS E SONO EM PACIENTES COM DEPRESSÃO: UM ESTUDO CASO CONTROLE
Cronotipo; Sono; Depressão; saúde mental; ritmos circadianos
O ritmo de claro/escuro está intimamente ligado ao processo de regulação do sono (sono/vigília), o qual tem demonstrado uma relação bidirecional às diversas doenças, inclusive a depressão. O cronotipo, manifestação comportamental do sistema de relógio circadiano interno,quando vespertino, tem se mostrado como fator de risco para o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Problemas do sono são potencialmente presentes nos históricos clínicos de pacientes depressivos. Esteéumestudo transversal, do tipo caso-controle, comobjetivo de investigararelaçãoentrecronotipo,sonoem pacientes diagnosticados com depressão (MD) (n= 16) comparando com sujeitos saudáveis (CTR) (n= 29). Os pacientes do estudo eram residentes da cidade de Maceió, Alagoas, e assistidos nos cenários de pesquisa: Ambulatório de Psiquiatria do Hospital Universitário Dr. Alberto Antunes (HU/UFAL), Centro de Atenção Psicossocial Dr Rostan Silvestre, Centro de Atenção Psicossocial Noraci Pedrosa. Para avaliação do diagnóstico de depressão foi utilizada a “Mini International Neuropsychiatric Interview” (M.I.N.I - breve entrevista estruturada de diagnóstico para os principais transtornos psiquiátricos). Para adeterminação do cronotipo da amostra foram os testes de matutinidade e vespertinidade Teste de Horne-Ostberg (HO) e o Questionário do Cronotipo de Munique (MCTQ), que também também foi utilizado para determinação de parâmetros do sono o jet lag social (JLS).Para a avaliação da qualidade dosonoforam utilizados o índice de qualidade de sono de Pittsburgh (IQSP) e aescala de sonolência de Epworth (ESP). Os resultados demonstraram que os pacientes têm índices de massa corporal piores quando comparados com CTR (0, 01188). Houve associação significativa entre MD e presença de distúrbios do sono em comparação com o CTR (0,0012). As pontuações do HO/MEQ foram significativamente menores no grupo MD (p= 0, 018) indicando uma tendência para vespertinidade semelhante à literatura relatada anteriormente. Pacientes deprimidos demoram mais para sair da cama durante a semana (p= 0, 023) e também demoram mais para sair da cama em dias de folga (p = 0,01). Desregulações circadianas e má qualidade do sono já foram consideradas precursoras de transtornos de humor em estudos anteriores, bem como a depressão tem sido considerada um fator de risco para sono ruim. Da mesma forma, problemas nutricionais e cronotipo vespertino mostram-se fatores com maior risco de existirem em amostras com depressão. Na clínica é essencial pesquisar o cronotipo e qualidade do sono de pacientes com depressão para que diretrizes de cuidados profissionais sejam implementadas, bem como conduta assistencial e preventiva na população geral idealmente.