Pais de estudantes em regime de ensino remoto emergencial possuem maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade e depressão durante a pandemia da COVID-19.
Isolamento social; Ensino remoto emergencial; Pais; Ansiedade; Depressão.
A privação social causada pela pandemia da COVID-19 trouxe mudanças ao cotidiano das pessoas e à dinâmica familiar. Consequentemente, o fechamento das escolas e a implementação do ensino remoto emergencial (ERE) pode ter intensificado o estresse causado pela pandemia, em especial nos responsáveis por estudantes em ERE, e aumentado os transtornos de ansiedade e depressão nesses indivíduos. Nesse sentido, este trabalhou avaliou se as obrigações parentais com o ERE na pandemia de COVID-19 representavam fatores de risco para o aparecimento de sintomas de transtornos ansiosos e depressivos. Para isso, foi realizado uma pesquisa transversal online, utilizando uma amostra de conveniência de pais/responsáveis por alunos em ERE residentes em Maceió, Alagoas, Brasil. Os participantes responderam um questionário dividido em três seções, sendo que na primeira foram incluídas informações demográficas, os conhecimentos e o tempo consumindo informações sobre a COVID-19. Na segunda e terceira seções foram aplicados os questionários de autorrelato para medir sintomas de ansiedade [General Anxiety Disorder-7 (GAD-7)] e depressão [Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9)], respectivamente. Modelos de regressão logística multivariada foram utilizados para explorar os preditores de problemas de saúde mental. Para a análise, foram utilizados 348 questionários válidos. Em nossa amostra, a maioria dos participantes possuíam maior nível educacional (ensino superior incompleto/completo) e melhor situação financeira (renda familiar > 3 salários mínimos; salário mínimo: R$ 1.045,00/mês). Contudo, apesar de ter uma amostra que apresentava fatores de proteção contra o desenvolvimento de transtornos ansiosos e depressivos, a responsabilidade e o apoio no ERE em decorrência da pandemia de COVID-19 foram considerados fatores de risco para o desenvolvimento de sintomas ansiosos e depressivos nos pais/responsáveis. No entanto, receber o auxílio financeiro emergencial, equivalente a cerca de R$ 600,00/mês para indivíduos com renda per capita de até ½ salário mínimo (R$ 522,50/mês), foi identificado como protetor contra o aparecimento de sintomas de transtornos depressivos para a população. Assim, nossos resultados demonstraram que a saúde mental dos pais/responsáveis foi afetada por alterações no contexto doméstico provocadas pela COVID-19. Alternativamente, nosso trabalho destaca a importância de oferecer assistência psicológica a este grupo de indivíduos.