“ADVOGADO DE BANDIDO”: UMA INVESTIGAÇÃO ACERCA DOS
EFEITOS DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A AUTOIMAGEM DE
ADVOGADOS CRIMINALISTAS EM MACEIÓ
As representações sociais constituem formas que a sociedade utiliza para categorizar
fenômenos e pessoas, de acordo com os atributos que considera desejáveis ou não.
Dentre essas representações sociais, a imagem formada acerca dos advogados
criminalistas se mostra negativa. Embora a Constituição Federal estabeleça como
princípio o direito à ampla defesa dos acusados em processos criminais, defesa esta
realizada pelo advogado, não são raras as ocasiões em que este profissional é
representado de forma equiparada ao cliente que defende, tornando-se populares termos
como “advogado de bandido” ou “advogado do diabo”, para se referir aos advogados
criminalistas. O presente trabalho tem por objetivo analisar como os advogados
criminalistas em atuação na cidade de Maceió, diante de representações sociais
negativas sobre sua profissão, constroem sua autoimagem. Para tanto, foram
mobilizados os conceitos de representações sociais em autores como Durkheim,
Saussure e Strauss; de estigma, em Goffman; e de self e conversações internas, em
Archer. A metodologia de pesquisa consistiu em análise de entrevistas semiestruturadas
com dezessete advogados criminalistas em atuação na cidade de Maceió, de modo a
compreender o universo destes profissionais e verificar como eles constroem sua
autoimagem. A pesquisa mostrou que os advogados criminalistas de Maceió percebem
as representações sociais negativas existentes contra si em condutas que ocorrem tanto
no campo profissional quanto no extraprofissional, porém eles procuram desenvolver
estratégias de reação contra essas condutas e, em suas trajetórias, criam autoimagens
distintas da imagem negativa estabelecida pela sociedade.
Advogados Criminalistas. Estigma. Autoimagem