SERTÕES “ON THE MOVE”: O COMÉRCIO, A MOBILIDADE E O ROUBO DE VELHAS CAMINHONETES E SUAS PEÇAS EM ALAGOAS E OUTROS NORDESTES
mercados precários; mobilidades marginais; caminhonetes; sertão baiano; sertão alagoano.
No alto sertão de Alagoas, a mobilidade nas zonas rurais das cidades de Delmiro Gouveia, Água Branca e Pariconha, é feita por caminhonetes usadas com mais de 30 anos de fabricação. Elas são a base de um comércio de transporte periférico que conecta povoados e municípios. Entretanto, essa base ampara-se em um mercado interestadual, ilegal e informal de autopeças, motores e caminhonetes, em Feira de Santana, no sertão da Bahia. Através da mobilização de uma série de atores marginais e estatais, o rural e o urbano se retroalimentam nesses movimentos, reconfigurando as experiências que usualmente são apreendidas por uma e outra ideia. A mobilidade de caminhonetes, autopeças, pessoas e cargas, tem regulações próprias de mercado, de alianças afetivo-políticas e de estado municipal e estadual. A partir de uma etnocartografia dos movimentos na caçamba desses carros, aliada à pesquisa de material secundário e entrevistas, objetivo compreender como o mercado ilegal e informal de autopeças, motores e caminhonetes no sertão da Bahia nutre e mobiliza a base do comércio de transportes na zona rural de três municípios do sertão de Alagoas. Persigo dois fios analíticos: (i) as relações de compra e venda de uma caminhonete e suas peças (ii) o transporte de pessoas e estudantes na zona rural, ambos os fenômenos envolvendo tipicamente um Chevrolet D-20. Dialogo com reflexões e trabalhos inspirados nas teorias do ator-rede para compreendermos tramas que sustentam e são sustentadas por essas agências “on the move” "precárias ".