A CONDENAÇÃO DO ESPIRITISMO: O CÓDIGO PENAL DE 1890 E SUAS IMPLICAÇÕES NA CONTINUIDADE DA RELIGIÃO EM MACEIÓ (1890–1940)
A cidade de Maceió, quando do desenvolvimento das ideias kardecistas, vivia, assim como o resto do país, um período de mudanças políticas e sociais. O Espiritismo atravessou o fim do escravismo e do Império, acompanhou a urbanização, a expansão das cidades, o início da República e lutas políticas e sociais, como as defesas abolicionistas e disputas das oligarquias agrárias pela liderança local. Seus membros, majoritariamente elitizados, fariam parte desses diversos movimentos e, a partir da prosopografia do grupo, buscamos compreender quem eram os sujeitos responsáveis pelo desenvolvimento do Espiritismo em Alagoas, assim como as relações de poder envolvidas na sua inserção como opção no campo religioso local. Além disso, seguindo o rastro das interações entre estes espíritas e suas práticas de intervenção na saúde pública, condenáveis pelo Código Penal de 1890, a pesquisa intenta contextualizar, através de questionamentos sobre a legislação vigente e os instrumentos oficiais de controle, que impacto os adeptos do Espiritismo sofreriam em suas práticas e que estratégias utilizariam na manutenção de seu direito à liberdade de culto.
Espiritismo, campo religioso, relações de poder.